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Negócios

Cresce procura por intercâmbios mais longos

Mudanças no perfil do intercambista incluem ainda novos destinos, que permitam estudar e trabalhar

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Cresce procura por intercâmbios mais longos

Maioria dos intercambistas está na faixa dos 18 aos 30 anos e procura cursos de idioma, ensino médio, de férias e aqueles com permissão para trabalho temporário
(Arte/TUTU)

Por Jamille Niero

A paulista Gabriela Lima, de 30 anos, retornou ao Brasil no início de fevereiro, após passar sete meses estudando inglês na cidade de Galway, na Irlanda. O programa de intercâmbio que contratou por meio de uma agência brasileira permitia aprender e trabalhar meio período. “A Irlanda era um lugar na lista de 'lugares pra conhecer' e, também um dos mais baratos e acessíveis no sentido de aceitação de estudantes e oportunidades de emprego ‘part time’. Embora eu não tenha conseguido emprego aqui, optei por uma cidade pequena para poder focar no estudo da língua”, conta a brasileira formada em Economia, que financiou a viagem com suas economias, reforçadas pelas verbas recebidas quando se desligou do emprego que tinha no Brasil.

Gabriela ilustra bem o perfil do brasileiro que procura pacotes de viagem com foco no aprendizado de idiomas. Segundo pesquisa feita pela Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), associação que reúne 450 agências de intercâmbio brasileiras (cerca de 75% do mercado), a maioria dos intercambistas está na faixa dos 18 aos 30 anos. Quase metade deles (49%) tem como fonte para a viagem o investimento feito em poupança. Os 10 destinos mais comuns são Canadá, Estados Unidos, Austrália, Irlanda, Reino Unido, Nova Zelândia, Malta, África do Sul, França e Espanha.

Já os quatro cursos mais procurados são os de idioma, ensino médio (high school), de férias para jovens e aqueles com permissão para trabalho temporário.

Ainda de acordo com a pesquisa da associação, em 2015 (dados mais recentes), 220 mil estudantes brasileiros partiram rumo a terras internacionais, sendo 29,6% com origem do estado de São Paulo. “Quem mais procura é aquela pessoa que está na idade economicamente ativa, entrando na faculdade, e quer melhorar o idioma visando o lado profissional”, explica Maura Leão, presidente da Belta. Porém, ela destaca outro segmento que ganhou força recentemente: o pessoal da terceira idade, cujo índice de intercambistas passou de 2,4% em 2012 para 7,7% em 2015.

Mudanças
Além do avanço do número da turma com mais de 50 anos, outras situações modificaram o cenário do intercâmbio no Brasil na última década. De acordo com Bárbara Lopes, gerente comercial da IPB Intercâmbio, há 10 anos a maioria da demanda era por cursos de curta duração, usufruídos no período de férias. Hoje, a maior procura é por aqueles de seis meses ou mais. “A pessoas tinham medo de largar o emprego para ir”, argumenta.

E a crise influenciou. Bárbara relata que em 2016 a IPB embarcou mais alunos (750) do que no ano anterior (500), uma vez que o cenário negativo daqui estimulou a saída do País. “Vimos que o brasileiro estava com medo da situação e quis ir embora. Alguns venderam o carro e alugaram o apartamento para conseguir dinheiro e investir em cursos de longa duração, com a ideia de tentar a vida fora.”

O lugar também mudou. Segundo Bruno Contrera, gestor de Cursos e Universidades no Exterior da STB Intercâmbio, se antes o primeiro destino mais vendido eram os Estados Unidos, com a crise os interessados em estudar fora acabaram descobrindo outros locais mais atrativos, com moeda mais em conta e que permitem estudo e trabalho. “Tem cursos no Canadá, vocacionais, que permitem o trabalho, na Austrália e na Irlanda também. Em Dublin [capital irlandesa], cerca de 50% dos intercambistas que trabalha ali é brasileiro”, exemplifica.

Sobre os Estados Unidos, o gestor da STB destaca que o país continua interessante, principalmente para cursos de graduação ou pós, apesar do receio em relação às medidas contra estrangeiros anunciadas pelo novo presidente, Donald Trump. “Ainda assim universidades dos EUA têm nos enviado e-mails dizendo que todos continuam bem-vindos, que não compartilham do pensamento [de Trump] e farão o máximo que puderem para que o estudante aproveite a estadia.”

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