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Sustentabilidade

Crise aumenta demanda por reforma de roupas

Redes de costura apontam crescimento na customização de peças e apostam na transformação da tendência em hábito do brasileiro

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Crise aumenta demanda por reforma de roupas

“Quando alguém prolonga a vida útil de uma peça de roupa, gera menos resíduos e economiza recursos como água e energia", frisa assessora da FecomercioSP
(Arte/TUTU)

Por Jamille Niero

Com a crise econômica que afetou o País recentemente, muitos brasileiros adquiriram novos hábitos de consumo. Um deles foi o aumento na procura por serviços de costura, como reparos, reformas e customização de roupas que já estavam no guarda-roupa.

Duas redes que contam com unidades no Estado de São Paulo sentiram essa demanda crescer. No caso da Linha & Bainha, o crescimento no último ano foi de 30% em todos os serviços. “Desse índice, de 10% a 12% estão ligados à customização, que é dar uma nova cara para a roupa, tendência que começou em 2015 e veio com mais força esse ano. Os outros 20% são referentes à entrada de roupas seminovas, que já estavam no guarda-roupa do cliente e vai ser feito algum ajuste”, comenta Cláudia Coifman, gerente de gestão da Acerte Franchising, detentora da marca.

Segundo ela, é perceptível o aumento no movimento de customizar e reutilizar, que vai desde o consumidor que não tem tanto poder aquisitivo para comprar até o que tem peças boas, de marca, e quer transformar em algo mais atual, mas sem deixar de lado a aparência de antigo – o chamado “vintage”. Para Cláudia, não é uma tendência passageira. “O consumidor está atento que pode usar a criatividade, além de dar ideias para os amigos. Quem retorna traz sempre alguém junto para customizar também.”

Por este motivo, a perspectiva para desempenho do negócio é boa (apesar de não divulgar números), já que, de acordo com a gerente, a demanda não é impactada pelo aumento ou queda de vendas do varejo. “Se vende mais, recebemos mais roupas novas que precisam fazer ajustes, como a barra de calças. Mas se o varejo tem queda, o movimento de reformar é crescente”, alega.

Quem também aposta em estratégia similar é a Arranjos Express, que pretende chegar ao final de 2016 com 70 unidades em operação no Brasil, o que representa um crescimento de cerca de 50% em número de lojas. Hoje são 53 franqueados em território brasileiro e 30 lojas em operação em Portugal, onde fica a matriz. O faturamento das do total das unidades brasileiras deve ficar entre R$ 25 e R$ 30 milhões neste ano.

Criada em terras lusitanas com foco justamente na customização e reforma de roupas, por aqui a companhia já modificou mais de 1,5 milhão de peças desde 2013, quando iniciou as atividades no País. Aproximadamente 35% destes itens foram customizados ou reformados, o que representa mais de 550 mil peças que deixaram de ser descartadas ou trocadas por novas. Segundo estimativa da empresa, este número equivale a 87 gramados de um estádio de futebol cheio de roupas que deixaram de ser despejadas na natureza.

“Nosso diferencial é trabalhar a customização e a transformação, comportamento comum na Europa. Por aqui ainda não conseguimos transformar o mercado por completo, inserindo de vez essa tendência, mas vemos que os clientes que estão conosco entendem perfeitamente o conceito”, diz o gerente comercial Frederico Fernandes.

O modelo de negócio praticado pela Arranjo Express conta com costureiras que atuam como consultoras de moda, depois de passar por um treinamento específico com modelistas e estilistas, para conseguir sugerir opções para os consumidores mudarem suas peças.

Para a assessora do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Cristiane Cortez, é uma boa solução para evitar o desperdício, já que reduz muitas etapas de produção. “Quando alguém prolonga a vida útil de uma peça de roupa, gera menos resíduos e economiza recursos como água e energia. Se o material for um tecido natural, de fibra orgânica, teve o custo da água usada na plantação, a colheita, a manufatura e a geração de retalhos (que são resíduos), até chegar na peça pronta.”

Por outro lado, destaca Cristiane, ajuda a ampliar setores como o de prestação de serviços, uma vez que utiliza profissionais de áreas criativas (para adequar a peça ao novo uso) e de costura. Ela acredita que apesar de a tendência ter aparecido por causa da crise econômica, as pessoas podem tornar a reforma um hábito. Por isso, os empresários podem olhar esses serviços como uma oportunidade, justamente apostando no item usado como um novo nicho de mercado – a exemplo das duas redes.

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