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Negócios

Desaceleração do real ativa investimentos estrangeiros no mercado nacional

Para analistas, mercado brasileiro mantém enorme potencial de consumo e abre inúmeras oportunidades para ganhar escala e competitividade

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Desaceleração do real ativa investimentos estrangeiros no mercado nacional

"Esperamos realizar outras aquisições na América Latina ao longo deste ano", diz o CEO da Stefanini, Marco Stefanini.
(Arte/TUTU)

A piora das expectativas de crescimento e o aumento do risco Brasil não criam impedimentos para o mercado de fusões e aquisições (M&A – Mergers and Acquisitions, em inglês). Ao contrário. O atual cenário econômico e a consequente desvalorização do real perante as principais moedas estrangeiras podem, inclusive, acelerar a entrada e a expansão das empresas internacionais no Brasil em razão da redução do valor dos ativos locais.

De acordo com o sócio da consultoria KPMG, o analista Luis Motta, o movimento de internacionalização das companhias brasileiras por meio de compra no exterior também cresceu significativamente no ano passado. “A ‘virada de chave’ ocorreu em 2015, quando o número de transações de empresas fora do País deu um salto”, destaca. 

Pesquisa realizada pela KPMG indica que as transações do tipo CB1, quando empresas estrangeiras adquirem nacionais, somaram 296 no ano passado. Mas o destaque foram as 66 do tipo CB2, com empresas brasileiras comprando estrangeiras fora do Brasil, atingindo recordes históricos. Em comparação com o ano anterior, as operações CB1 registraram aumento de 2%, e as CB2, de 50%.

Ao todo, em 2015 foram concluídas 773 transações, o que corresponde ao desempenho mais baixo desde 2010, quando foram concretizadas 726 operações. Na comparação com 2014, quando houve 818 negociações, o recuo foi de 5,5%. O resultado foi puxado por menor apetite e capacidade financeira das empresas brasileiras de expandir seus negócios por meio de aquisições.

A questão agora é o que esperar para os próximos meses, uma vez que a redução do número de transações foi impactada, principalmente, pelo ambiente econômico do segundo semestre, segundo Motta. “Trata-se de um tipo de operação que pode levar entre seis e dez meses para ser concluída, e o reflexo da conjuntura econômica na nova safra só aparecerá no fim do ano”, afirma.

A análise está em linha com as previsões da PricewaterhouseCoopers (PwC). “A conjuntura atual tende a esfriar os negócios em geral, mas as operações devem manter um volume expressivo, embora inferior ao do ano passado”, diz o sócio da PwC, Rogério Gollo.

Ele acredita que, mesmo ao perder o grau de investimento – capacidade de um país ou empresa de honrar suas dívidas –, o mercado brasileiro mantém enorme potencial de consumo e abre inúmeras oportunidades para quem precisa ganhar escala e competitividade. 

De modo geral, as empresas que entraram alavancadas na crise viram o custo da dívida dobrar ao longo de 2015 e, agora, estão em busca de alternativas para conter esse endividamento. “A entrada de um investidor, para injetar capital, é uma opção que possibilita uma dinâmica muito boa para os fundos de private equity”, diz o sócio da S&H Consultoria Financeira, Rafael Caldeira.

Entre os 43 setores da economia analisados na pesquisa da KPMG, os que apresentaram maior número de transações em 2015 foram tecnologia da informação e comunicação (121 transações), empresas de internet (70 transações) e alimentos, bebidas e tabaco (65 transações). E essa tendência deve continuar.

Na contramão da crise

O descolamento entre a conjuntura econômica do País e o relativo dinamismo do setor de M&As é o tamanho do mercado, atrativo permanente para alguns grupos com planos de longo prazo, como a Stefanini. A companhia que começou como escritório na casa do CEO, Marco Stefanini, na década de 1990, hoje está consolidada em 39 países, puxada pela política de aquisições.

A primeira delas foi em 2009 e, de lá para cá, a companhia – de prestação de serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC) – não parou mais. Em 2016 (e até agora), a bola da vez foi a colombiana Sysman, especializada em ERP (sistema integrado de gestão empresarial) para o governo. “Estamos na contracorrente”, diz Stefanini.

Em 2015, o histórico da Stefanini foi marcado pela fusão com a IHM Engenharia, joint-venture com a Tema Sistemas para criação da Stefanini Capital Market e pelo lançamento da Inspiring, negócio voltado às telecomunicações. Dentro da linha de internacionalização, a empresa abriu um escritório em Ontário, no Canadá, e outro em Cingapura, que também funcionará como centro de Pesquisa e Desenvolvimento. A Stefanini também adquiriu 40% da empresa gaúcha Saque e Pague.

Segue pelo mesmo caminho o Grupo Netshoes. A empresa de internet colocou no carrinho neste ano a varejista Shoestock, na corda bamba desde 2015. Com a compra, Márcio Kumruian, presidente da marca, reforça o portfólio do Zattini, seu e-commerce de moda. A expectativa da Netshoes com a aquisição é gerar uma receita nova para a Zattini de aproximadamente R$ 100 milhões por ano.

Com a demanda interna brasileira acomodada por causa da pressão inflacionária e da possibilidade de redução da renda, o investidor passa a estudar a capacidade de exportação futura antes de se estabelecer no País, avaliam especialistas. Mas, para atrair mais investidores (independentemente do período de crise), o Brasil precisa focar uma tributação menos complexa, a qualificação da mão de obra e os investimentos em infraestrutura logística.

Clique aqui e leia a matéria na íntegra, publicada na revista Conselhos.

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