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Economia

Desemprego é o efeito colateral do ajuste financeiro, apontam especialistas em debate sobre o tema na FecomercioSP

Conselho das Relações do Trabalho reuniu especialistas para discutir os desafios do cenário econômico atual

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Desemprego é o efeito colateral do ajuste financeiro, apontam especialistas em debate sobre o tema na FecomercioSP

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por meio do seu Conselho das Relações do Trabalho, reuniu na última sexta, especialistas representativos das áreas fiscais e trabalhistas, no evento O Ajuste Fiscal, Emprego e Produtividade. Na ocasião, foram discutidos o atual cenário econômico de incertezas que prevalece no País, envolvendo questões como o aumento da inflação, a elevação do índice de desemprego e seu impacto social e o aumento da precarização do trabalho.

Liderado pelo presidente do conselho e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, José Pastore, o evento contou com três painéis.

No primeiro, Walter Barelli, ex-ministro do trabalho e membro do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP, José Roberto Mendonça de Barros, professor da FEA-USP e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Samuel de Abreu Pessoa, professor da EPGE/FGV e IBRE/FGV e Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP e membro do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho, falaram do impacto do ajuste fiscal no emprego e na renda. Para os palestrantes, após seis meses da proposta do ajuste fiscal, o Brasil já sente os reflexos e ressaltam a importância do debate do tema para uma antecipação futura. Com uma previsão de não recuperação pelo menos nos próximos dois anos, os especialistas destacaram o desemprego como efeito colateral do ajuste.

O especialista José Roberto Mendonça de Barros alertou que em 2015 o cenário econômico global será liderado pela economia americana e o Brasil será afetado diretamente, principalmente em relação à desvalorização do real frente às exportações. De modo geral, o País deverá reforçar as linhas de exportação e a internacionalização, aproveitar a maior competividade com as importações e eventuais oportunidades de nacionalização de produtos e componentes. Já Antônio Correa Lacerda destacou a maneira que os fatores estruturais como o encarecimento dos preços dos serviços e mão de obra elevam a resistência da queda da inflação.

O desemprego, rotatividade e produtividade foram os temas debatidos por Hélio Zylberstain, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, que reforçou as severas dificuldades no mercado de trabalho, com o crescimento do desemprego e a estagnação da inflação, que deverá crescer em torno de 9%. Para ele, os problemas se tornaram permanentes, como a alta rotatividade de colaboradores nas indústrias, a baixa produtividade, o conflito latente mal administrado e a falta de representatividade.

O professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, José Paulo Zaetano Chahad destacou que o ajuste fiscal impactará negativamente sobre o mercado de trabalho, antecipando mais rapidamente o mau uso do bônus demográfico. Segundo o especialista, as medidas trabalhistas do ajuste, como o seguro-desemprego, poderão reduzir a rotatividade de mão de obra, mas será uma pequena dimensão diante o tamanho da taxa de rotatividade. O painel ainda contou com a mediação de Edmundo Machado de Oliveira, membro do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho, e com a participação de Fernando Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV).

Durante o painel "Políticas Públicas em hora de crise", o professor titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna, do Insper, Ricardo Paes de Barros, destacou o atual cenário com base nas perspectivas de que a crise foi ocasionada pela própria gestão pública e que os mais ricos arcarão com os maiores prejuízos. Segundo ele, são cinco os desafios e oportunidades para que a pobreza e a desigualdade social sejam combatidas durante o ajuste fiscal e a recessão: aproveitar o alto grau de desigualdade existente no País, tirar proveito da remanescente dualidade da economia brasileira; corrigir as acentuadas ineficiências da política social brasileira; enfrentar os três maiores dilemas sociais brasileiros (o atual ócio da juventude, a baixa produtividade e o envelhecimento da população). Barros também destacou a importância da atuação governamental de ser capaz de tomar decisões racionais com reação ao atual cenário.

Naercio Menezes Filho, professor do Instituto Federal de Brasília (IFB), apresentou boas notícias com relação ao País nos últimos vinte anos, como a queda na desigualdade social e no desemprego. Contudo, destacou a baixa qualificação da educação e o baixo crescimento da produtividade. Para o momento de crise, Naercio indicou o enfrentamento de interesses corporativistas, a melhora na gestão na educação e nas empresas e a compatibilização do crescimento com justiça social. André Portela, professor da Fundação Getulio Vargas, mencionou que o atual cenário é uma possível janela de oportunidades para que sejam criadas políticas de ganho de produtividade e consequentemente a retomada do crescimento econômico para o País.

No encerramento do debate, o professor José Pastore abordou a inevitabilidade do ajuste fiscal e recomendou que a oportunidade de "cinto apertado" e de recursos escassos favorize o surgimento de novas ideias e soluções inteligentes tanto para as empresas quanto para a retomada do crescimento ao País.

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