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Economia

EconoMix Digital nº 117

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EconoMix Digital nº 117

DÍVIDAS
Famílias cuidadosas

Crédito restrito e cenário incerto reduzem dívidas das famílias
O ano que passou foi de acertos no crédito e no endividamento, tendência que deve se repetir em 2015

Quase 400 mil famílias paulistanas resolveram se livrar das dívidas em 2014 para se adaptarem a nova realidade econômica em 2015, de acordo com os números registrados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da FecomercioSP. Segundo o levantamento, em dezembro de 2013, 53,8% das famílias na capital paulista tinham algum tipo de dívida e, no último mês de 2014, eram 43,1%. Isso representa uma redução de 1,9 milhão para 1,5 milhão de famílias endividadas em um universo de 3,6 milhões de famílias na cidade de São Paulo.

Os números nacionais mostram que a realidade brasileira não é diferente. O fechamento dos dados de crédito do Banco Central de 2014 também aponta que os consumidores estão quitando débitos antigos ou trocando dívidas mais caras por mais baratas, tanto que, em termos reais, as concessões cresceram no ano passado 4,2% enquanto que o estoque de crédito sob posse das famílias caiu 0,5%, também já descontado a inflação.

Essa redução no endividamento das famílias, ocorridas em um ano, pode ser entendida por dois movimentos: um por conta da oferta de crédito e outro por parte do próprio consumidor.

Na primeira situação, há uma restrição de crédito pelas instituições financeiras e a busca de conseguir negociar com os maus pagadores. Na seletividade de crédito ficam os consumidores que têm melhores condições. Desta forma, os bancos conseguem uma redução na taxa de inadimplência (a média em 2013 foi de 7,2% e passou para 6,6% em 2014) e também esticam mais o prazo das concessões (passou de uma média de 47,6 meses em 2013 para 48,9 meses em 2014).

Já os consumidores estão sabendo lidar de forma mais consciente com o seu orçamento diante das turbulências na economia. Os juros anuais que, em 2013, estavam em 36,1%, passaram para 42,2% em 2014, encarecendo os financiamentos e inibindo as novas contratações. Além disso, o processo de estagflação pelo qual o país passa, cria incertezas sobre as projeções de emprego e renda, variáveis fundamentais na tomada de decisões de consumo de longo prazo.

O ano que passou foi de acertos no crédito e no endividamento das famílias e esta deve ser a tendência para o ano de 2015. Os juros na ponta continuam subindo, os preços gerais estão pressionando o orçamento e a economia sem reação para voltar a crescer, o que dificulta a capacidade de consumo e de contração de crédito. Portanto, as famílias vão continuar defensivas, como em 2014. Bom para a saúde financeira das famílias, mas ruim para a retomada do crescimento do Brasil.


 

DESACELERAÇÃO
Setor automotivo


Desempenho adverso da economia brasileira desacelera setor automotivo
Quarto maior mercado do mundo, o setor automotivo brasileiro se manteve em marcha lenta ao longo de 2014

Dados da Fenabrave - Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores apresentaram uma queda de 6,91% no número de emplacamentos na comparação entre 2013 e 2014. A redução é mais expressiva no segmento de autos, que considera os veículos de passeio: a queda foi de 9,38%. No segmento de comerciais leves, utilitários, houve um pequeno crescimento de 1,39%.

Os números registrados na cadeia produtiva do setor - composta por montadoras, concessionárias, setor de peças e prestadores de serviços -, confirmam o fraco desempenho.  Um dos exemplos é o resultado registrado pela Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), elaborada pela FecomercioSP em parceria com a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (SEFAZ). 

Segundo a PCCV, o faturamento das concessionárias de veículos no Estado de São Paulo apresentou um crescimento de 3,78% no mês de outubro em comparação com o mês de setembro. Porém, na comparação com o mesmo mês de 2013, houve retração de 21,5%. Essa retração no comparativo de 12 meses demonstra o quanto o segmento foi impactado pelo desempenho desfavorável da economia brasileira em 2014.

O baixo crescimento da renda, do emprego e do crédito impactou fortemente nas vendas de veículos. Quarto maior mercado mundial, o setor automotivo brasileiro não conseguiu alcançar bons resultados em 2014. Vale lembrar que, entre indústria e comércio, o setor automotivo gera aproximadamente 145 mil empregos por ano e responde por cerca de 5% do PIB.

A crise econômica na vizinha Argentina, maior importadora de carros brasileiros, também ajudou a derrubar as vendas. E, em 2015, com a recomposição das alíquotas de IPI para automóveis e as diversas medidas adotadas, como o aumento de impostos nos combustíveis para reequilibrar as contas públicas, o impacto será maior e o  setor automotivo terá dificuldades para reverter este cenário negativo no curto prazo.

DÉFICIT
Conta externa


Transações correntes fecham 2014 com déficit de US$ 90,9 bi
Segundo dados do Banco Central, foi o pior resultado da conta externa em 13 anos

No Brasil, a conta transações correntes expressa a conta externa de relacionamento financeiro do país. É composta pelo resultado da balança comercial, balança de serviços e das transferências unilaterais. Em 2014, a conta transações correntes apresentou um déficit de US$ 90,9 bilhões, o pior resultado em 13 anos, segundo dados do Banco Central.

Dentre os itens que compõe a conta externa, destaca-se neste ano a balança comercial que passou de superávit de US$ 2,3 bilhões em 2013 para um déficit de US$ 3,9 bilhões em 2014, representando uma variação negativa de 263%.

O resultado da balança comercial foi impactado pela queda dos preços das commodities, a crise econômica da Argentina, um dos principais importadores de produtos brasileiros, e pela importação de combustíveis.

Nos serviços, que englobam as viagens de brasileiros ao exterior, seguros e aluguel de equipamentos, o déficit passou de US$ 47,0 bilhões em 2013 para US$ 48,6 bilhões em 2014. 

A conta rendas contempla as remessas de lucros e dividendos ao exterior. Essa conta apresentou resultado desfavorável. O déficit passou de US$ 39,7 bilhões em 2013 para US$ 40,2 bilhões em 2014.

Na conta transferências unilaterais, que representam remessas de lucros e doações, o superávit de US$ 3,3 bilhões de 2013 caiu para US$ 1,9 bilhão em 2014.

Para reduzir o resultado desfavorável da conta de transações correntes é necessário o ingresso de investimentos estrangeiros diretos no país. Porém, em 2014, essa entrada não foi suficiente para cobrir o déficit. Os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 62,4 bilhões em 2014, bem abaixo do déficit de US$ 90,9 bilhões das transações correntes observado nesse mesmo ano, resultando numa diferença a ser compensada de US$ 28,3 bilhões.

No intuito de compensar essa diferença, o governo mantém o discurso de que as elevadas reservas internacionais do país, acima de US$ 370 bilhões, contribuem para a manutenção da administração das contas externas brasileiras.

Com um cenário de baixo crescimento, o país busca ajustar as políticas macroeconômicas para estimular a atividade e melhorar o cenário atual. A desvalorização do real frente ao dólar deve contribuir com as exportações de produtos brasileiros. É necessário, entretanto, melhorar a condução da política externa para que, no longo prazo, o déficit das contas externas possa ser reduzido.
 

TERMÔMETRO

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