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Imprensa

Empresários e especialistas debatem acordo comercial e relação entre Mercosul e União Europeia na FecomercioSP

Segundo os participantes, acordo levou anos para avançar porque o Brasil não dispensou a devida atenção às questões de comércio internacional

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São Paulo, 11 de maio de 2018 – A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) realizou nesta sexta-feira, 11, o seminário "Relações Mercosul e União Europeia: oportunidades de negócios para o setor de bens e serviços". O evento, realizado em parceria com a Delegação da União Europeia no Brasil e promovido em celebração da Semana da Europa em São Paulo, debateu as oportunidades de negócios e investimentos nesses dois blocos, com a participação de autoridades, representantes consulares e executivos nacionais e internacionais.

Na abertura, o vice-presidente da FecomercioSP, Euclides Carli, ressaltou que a realização do seminário foi uma oportunidade de ouvir e dialogar sobre o assunto. "O propósito é compartilhar com empresariado paulista e demais interessados o panorama das relações comerciais entre esses blocos", disse.

No primeiro painel "Onde estamos?", o embaixador da União Europeia (UE) no Brasil, João Gomes Cravinho, participou da cerimônia por meio de um vídeo e afirmou que o acordo está em fase final, após quase duas décadas de negociação por causa de questões políticas. "Hoje, temos uma característica que não estava muito presente há anos, que é a determinação política. Esse não é um acordo que procura apenas reduzir taxas dos dois lados, pois também apresenta um teor qualitativo que estimula uma transformação das economias da Europa e dos países do Mercosul. A iniciativa vai fomentar a competitividade no Brasil, e a experiência tecnológica será uma característica muito presente. Daqui a alguns anos, a União Europeia estará com o Mercosul como atualmente está com o Chile e o México", enfatizou Cravinho.

O vice-presidente da Federação e coordenador da Câmara Brasileira de Comércio Exterior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Rubens Medrano, afirmou que o acordo levou anos para avançar porque o Brasil não dispensou a devida atenção às questões de comércio internacional. "A mesma política foi acompanhada pelos membros do Mercosul. Ficamos desatualizados nesse quesito e, enquanto isso, assistimos a uma série de acordos internacionais sendo firmados por países europeus e asiáticos, inclusive no continente americano com os países da Aliança do Pacífico", afirmou.

A conselheira da Subsecretaria-Geral de Assuntos Econômicos Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Paula Aguiar Barboza, disse que o acordo tem 13 capítulos, dos quais dez estão praticamente fechados. "É um acordo do ponto de vista estrutural muito importante para o Brasil, porque, antes, negociávamos fundamentalmente acesso a mercados, mas disciplinas novas foram incluídas, e isso torna o acordo mais ambicioso. Ele é um divisor de águas porque nos tem preparado para dialogar com novos parceiros comerciais", afirma. A redução tarifária e o aumento de transferência tecnológica resultantes do acordo vão facilitar a participação do Brasil em cadeias globais. Para Paula, esse avanço vai possibilitar que o País negocie de forma mais rápida com outros parceiros, como Canadá e Coreia do Sul.

Na análise da secretária-executiva do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Yana Dumaresq Alves, os setores de comércio e serviços precisam dialogar com o comércio exterior, em virtude da importância que essas áreas têm na economia nacional – e esse acordo é uma oportunidade para que isso ocorra.

Todos os presentes afirmaram que, no momento, o acordo lida com os temas mais sensíveis da negociação, mas na visão da coordenadora do Centro de Estudos sobre Comércio Global da EESP-FGV, Vera Thorstensen, a falta de visão do setor privado e do governo foi responsável pelo não fechamento do acordo. "Esse acordo poderia ter sido assinado em 2000, mas passamos anos discutindo tarifas e cotas. Essa visão estreita impediu a finalização das negociações", criticou a docente, durante sua fala no segundo painel do dia "Oportunidades e desafios para o comércio internacional e investimentos".

Casos de Sucesso
O terceiro painel, sobre internacionalização de empresas, foi mediado pelo coordenador de Relações Internacionais do IBMEC-SP, George Niaradi, e contou com a presença de empresários para expor exemplos de sucesso. O consultor de comunicação e mídia corporativa da Alpargatas, Rui Porto, contou que a decisão de iniciar as exportações na década de 2000 ocorreu somente após a consolidação da empresa no Brasil e a mudança da imagem da marca, atualmente vista como item de moda. Atualmente, a marca tem escritório em Madri e atua em Espanha, França e Itália, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Croácia e Grécia.

A Nutty Bavarian foi representada por seu CEO, Daniel Miglorancia. Segundo ele, o primeiro quiosque foi instalado em Campos do Jordão, em São Paulo, e hoje existem 140 unidades espalhadas pelo Brasil, especialmente em shopping centers e aeroportos, além de estar presente nos Estados Unidos e na Cidade do Porto, em Portugal. O processo de internacionalização da marca está em expansão e, comparando as experiências, Miglorancia contrastou o burocrático processo brasileiro com a clareza e objetividade dos procedimentos no exterior.

Ailtom Nascimento, vice-presidente da Stefanini, abordou que a internacionalização da empresa teve início com um projeto greenfield e, depois, foi ampliada por meio de aquisições no exterior. Atualmente, a empresa aposta em tecnologia e inovação e está presente em todos os continentes.

O diretor-geral da Estrella Galicia Brasil, Fabio Rodrigues, destacou que o volume do mercado brasileiro foi um relevante fator para a vinda da empresa para o País – a fábrica própria será inaugurada nos próximos anos, em Minas Gerais. Fabio ainda ressaltou que, na Europa, os impostos são pagos de acordo com a produção das empresas: quem produz mais, paga mais. Contudo, aqui no Brasil, o pagamento de impostos não é coerente, já que grandes empresas são beneficiadas com isenções. O diretor aproveitou a oportunidade para pedir às autoridades presentes uma revisão na carga tributária brasileira.

O cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Lopes Lourenço, encerrou o seminário afirmando que acredita que a internacionalização é um caminho para que empresas levem seus negócios para outros países. "A internacionalização não é o fim, mas o princípio de um processo que pode trazer negócios. O mercado brasileiro não é menos desafiador para as empresas europeias do que o mercado europeu é para as empresas brasileiras. A dimensão da dificuldade é a mesma", finalizou.

Também estiveram presentes o diretor do Centro de Estudos Aplicados da Católica Lisbon School of Business & Economics da Universidade Católica Portuguesa, Ricardo Reis, que apontou a necessidade de a União Europeia assinar esse acordo com o Mercosul antes que a China o faça; e a economista do BNDES Claudia Sussekind Bird, que apresentou as linhas de crédito do banco para exportação.

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