Economia
23/04/2015Empresários investem em gourmetização para aprimorar negócios
Com aplicação de conceitos diferenciados, varejistas transformam produtos simples em sofisticados

A exemplo das palavras executivo, premium e vip, o verbete gourmet também foi alçado à fama, virando febre no mercado brasileiro. O conceito adotado para indicar a alta culinária estampa hoje desde varanda, pipoca e brigadeiro até marmita, água e ração para cachorro. E essa gourmetização deve se perpetuar e ganhar novos significados. “Trata-se de um reflexo da evolução da própria gastronomia e do desenvolvimento econômico no século XXI”, diz Mário Oliveira, coordenador do MBA em Negócios de Alimentos e Bebidas da Universidade Anhembi Morumbi.
Toda experimentação é válida, destaca o especialista, desde que o produto entregue algo diferente, que proporcione ao consumidor um benefício em relação ao que é considerado tradicional. “Não há marca que dure muito se não houver comprometimento na oferta do serviço, seja ele qual for.”
É justamente o que busca o Senhor Pudim, com estratégia de aplicar a um doce tradicional o conceito gourmet. O segredo para o sucesso alcançado em apenas cinco meses de existência está no marketing boca a boca, segundo o fundador, Marcos André Martins. “Creio que um alimento gourmet precisa levar ao consumidor um conjunto de sensações que contemple todos os sentidos e alimente, sobretudo, a alma. Essa experiência contada ao outro é o que garante a perenidade do negócio”, afirma.
Ao relacionar um produto a padrões superiores de experiência sensorial, essa particularidade ganha espaço e intensifica o prazer em consumir. “A relação do homem com a comida sempre foi hedonista, mas no Brasil há um apreço ainda maior pelo alimento e pela bebida”, destaca o professor Silvio Passarelli, diretor do curso de Gestão do Luxo da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). “Embora o brasileiro copie o comportamento europeu nas experimentações por questões históricas, a prática de uma boa refeição é um ritual por aqui.”
Marmita chic
De olho nessa movimentação e atento às oportunidades geradas para outros setores por meio da sofisticação dos hábitos dos brasileiros, o consultor do mercado de luxo Carlos Ferreirinha, da MCF Consultoria, decidiu apostar na gourmetização da marmita. Ao lado do sócio Carlos Otávio, ex-Cinemark, ele investiu numa marca batizada de BentoBox, especializada em embalagens para transportar comida, a preços que vão de R$ 45 a R$ 300. “A Bento dialoga com o tempo futuro, antecipa uma transformação de hábitos que será cada vez mais relevante”, afirma.
Na avaliação do consultor, o simples precisa ser cada vez mais especial, por isso é importante uma embalagem própria, com estilo e “sofisticação acessível”, capaz de oferecer um diferencial competitivo que atenda às expectativas mais elevadas de consumo. “Manter uma operação perene demanda inteligência contínua de diferenciação: criar o hábito, despertar o desejo do novo e tornar tangível o senso prático.”
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