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Negócios

Espaço visa incentivar o empreendedorismo nas comunidades

ONG instala unidade na Vila Brasilândia e quer estimular os próprios moradores a montarem negócios que gerem lucro e colaborem para o desenvolvimento local

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Espaço visa incentivar o empreendedorismo nas comunidades

Um projeto que incentive a criação de ecossistemas empreendedores dentro das comunidades, despertando o espírito empreendedor em jovens moradores das periferias. É esta a ideia do Centro de Referência em Inovação e Empreendedorismo - o CRIE -, iniciativa desenvolvida pelo Instituto Prosseguindo (IPROS) , uma ONG que tem como causa principal estimular o empreendedorismo. Segundo pesquisa da Endeavor, 28% da população brasileira entre 16 e 64 anos são empreendedores, enquanto 33% da mesma amostra são potenciais empreendedores. Apesar de os números apontarem uma forte demanda, ainda são poucas as organizações que trabalham incentivando e capacitando as pessoas a gerirem seus próprios projetos de maneira autônoma.

Em 2013, enquanto o Brasil possuía apenas 33 centros de empreendedorismo, os Estados Unidos já somavam mais de 400, todos localizados dentro de universidades. Se existem poucos centros no Brasil, nas regiões da periferia ou nos bairros com população de menor poder aquisitivo, o número de iniciativas que fomentam o empreendedorismo é menor ainda.  A primeira unidade do CRIE instalada em São Paulo está localizada na Vila Brasilândia, Zona Norte da cidade de São Paulo, e busca atender jovens e micro empreendedores da região. A atuação do centro busca envolver cinco principais premissas: valorizar as iniciativas realizadas e reconhecer o potencial local (olhar para a abundância, e não para carência); realizar parcerias com stakeholders, organizações e agentes locais com histórico de atuação, visando somar esforços; ter visão sistêmica e de longo prazo, com o objetivo de gerar maior impacto social; ser facilitador e estar numa relação de troca com a comunidade; e compartilhar conhecimento sempre, com estratégias que multipliquem o resultado.

A ideia consiste ainda em buscar a criação de capital social (Agentes de Empreendedorismo) voltadas para o desenvolvimento do empreendedorismo em comunidades vulneráveis. Nas comunidades onde os CRIEs são instalados, visa formar agentes locais capazes de gerar consultoria, educação e pesquisa em empreendedorismo, com comunicação e projetos adaptados às necessidades locais. “Já ministramos muitos cursos de empreendedorismo para moradores das comunidades, mas as aulas nunca haviam ocorrido dentro das comunidades. Sentimos que precisávamos estar mais próximos para entender as necessidades locais. Brasilândia foi o local escolhido porque vimos o potencial de desenvolvimento”, explica Michel Porcino, fundador e diretor do IPROS.   
Segundo Porcino, no local existe um grande número de pessoas que trabalha com projetos ligados à cultura (como grafite, costura e artesanato). A ideia é fazer com que eles tornem-se projetos de empreendedorismo ligados à questão social. Ou seja, não apenas montar um negócio que gere lucro, mas também que colabore para o desenvolvimento local, gerando empregos e receita para a população local. “Notamos que há microempreendedores com pequenos estabelecimentos que precisam de orientação. Lá também tem muitos coletivos culturais. Com nossa orientação, alguns poderão virar ONGs, outros serão estruturados para receber financiamentos via Lei Rouanet, por exemplo”, completa.

Como a proposta com o CRIE é deixar um legado e não apenas ações pontuais, o IPROS optou por fazer parcerias com entidade locais - como é o caso da ONG Mensageiros da Esperança - para mapear as iniciativas já existentes na região. O planejamento das ações para a instalação do CRIE começou em 2013.  O estágio seguinte, conta o diretor do IPROs, é estender as parceiras para empresas visando obter um espaço físico para oferecer aos moradores, permanentemente, cursos de capacitação. “Já estão previstos dois cursos para o segundo semestre: um sobre inovação social e outro sobre empreendedorismo”, conta Porcino. Fará parte das ações do CRIE, ainda, a gravação de vídeos com empreendedores locais que já possuem negócios com potencial criativo sólido, com o objetivo de inspirar os moradores a participarem dos cursos promovidos pelo centro. Serão de 8 a 10 vídeos, sobre diversas histórias: um senhor que ajudou na criação de um parque linear, outro que trabalha com resíduos sólidos, projetos culturais que abordam rap e sarau urbano, além de uma iniciativa que envolve artesanato.

Porcino acredita que as pessoas mais indicadas para resolver os problemas de uma comunidade são os próprios moradores, pois são eles quem vivenciam aquilo. O objetivo do projeto é gerar um produto acessível que resolva um problema social. “Queremos fomentar os próprios moradores a serem empreendedores de projetos sociais. Que eles sejam capazes de resolver seus problemas sem precisar depender exclusivamente do governo, por exemplo. Isso acaba gerando autonomia e empoderamento da população local”, indica o fundador do IPROS. Está prevista para este ano ainda a implantação de mais uma unidade do CRIE, na Sé, em parceria com uma universidade, e do CRIE Vale do Piancó, localizado no interior da Paraíba, com objetivo de promover o empreendedorismo no sertão.

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