“Os brasileiros não abrem mão do pão quentinho e estão sempre correndo. Uni o útil ao agradável e deu certo”, conta o publicitário Tom Ricetti

Comparando com o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que retraiu 3,8% em 2015, o faturamento do setor de panificação e confeitaria subiu 2,8% no período, movimentando R$ 84,7 bilhões. O cenário explica o sucesso da rede Pão to Go. Nascida em São Carlos, interior de São Paulo, ela inovou unindo a tradição da padaria à praticidade do drive-thru. A rede mantém uma taxa de crescimento de 150% ao ano e pretende ser a maior rede de franquias do País.

A ideia surgiu em 2012, quando seu fundador, o publicitário Tom Ricetti, passou por apuros ao precisar comprar pães às vésperas do Natal. Foi a diversos estabelecimentos e todos estavam lotados. Com um filho pequeno e um cachorro no carro, não podia deixá-los no veículo para fazer a compra. Então, veio o insight: por que não criar um drive-thru de pães?

“Os brasileiros não abrem mão do pão quentinho e estão sempre correndo. Uni o útil ao agradável e deu certo”, conta Ricetti, que abriu a primeira loja em São Carlos no início de 2013, com mais de 30 produtos de panificação, bebidas e laticínios.

A dinâmica do negócio é simples: o cliente vai ao guichê da loja em seu veículo e faz o pedido ao atendente. Depois, dirige-se à próxima janela de atendimento e recebe os produtos. A operação dura em torno de um minuto e meio.

Investindo em gentileza

Ricetti entende o mercado de forma particular e considerou a importância de investir na gentileza. “As refeições com pães remetem ao ambiente familiar e de aconchego. Por isso, o posto de primeiro atendente é ocupado por uma pessoa idosa, educada, que dê atenção e passe credibilidade.”

Expansão

O maior desafio do início do negócio foi divulgar a nova modalidade de entrega. “Em cidades menores, nas quais não existiam empreendimentos parecidos, tivemos de fazer um trabalho maior de marketing e divulgação”, aponta Ricetti.

A Pão to Go logo atraiu interessados em filiais e Ricetti iniciou o processo de franquias. Hoje, a rede conta com 32 lojas espalhadas por seis Estados brasileiros, uma nos Estados Unidos e outra em Portugal.

As unidades franqueadas, apesar de seguir um padrão da rede, têm particularidades. No Nordeste, por exemplo, identificaram que as pessoas gostam de produtos feitos com base nas farinhas de mandioca e de milho e se adaptaram. Já os consumidores do Sudeste preferem o pão francês feito de farinha de trigo.

Novos formatos

Para atender clientes que não têm carro, foram criados quiosques, que podem ser instalados em shopping centers, escolas, universidades, clubes, estações de metrô e trem, terminais de ônibus e polos comerciais de grande circulação de pessoas. “É um modelo que não requer espaço fixo e sai mais em conta para o franqueado”, comenta Ricetti.

Há ainda as lojas express que funcionam como lanchonetes, com mesas e cadeiras para consumo imediato. Podem ser instaladas em torres comerciais, postos de gasolina, pontos de rua, galerias, shoppings e calçadões. A taxa de franquia varia de acordo com o modelo: R$ 300 mil para o drive-thru; R$ 150 mil para a loja express; e R$ 80 mil para o quiosque. O retorno do investimento previsto é de 24 meses para o drive-thru e de 10 a 12 meses para os outros dois modelos.

Com as novas modalidades, Ricetti pretende chegar ao fim de 2018 com 500 unidades. “Entre cinco e dez anos, seremos a maior rede de franquias do Brasil, desbancando até mesmo O Boticário.”

Segundo dados de 2015 da Associação Brasileira de Franchising (ABF), O Boticário tem 3.745 unidades e ocupa a segunda posição no ranking de franquias nacionais, atrás apenas dos Correios, com 7.496 lojas.

Confira a reportagem na íntegra, publicada na revista C&S, que está com novo projeto gráfico.