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Economia

Jovens com idade entre 14 e 24 anos sofrem mais com o desemprego

Má-formação dos profissionais nas empresas pode contribuir para aumentar a baixa produtividade brasileira

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Jovens com idade entre 14 e 24 anos sofrem mais com o desemprego

Com a recessão as empresas enxugaram seus quadros de funcionários e optaram por manter a mão de obra experiente
(Arte TUTU)

Com informações de Filipe Lopes

Segundo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em dezembro de 2016, a taxa de desemprego geral alcançou 11,8%, 2,9 pontos porcentuais acima do observado no mesmo período de 2015. Os jovens com idade entre 14 e 24 anos foram os mais atingidos, com taxa de desemprego atingindo 27,7%, seguida pelos trabalhadores com ensino médio incompleto (21,4%). Em decorrência da recessão que o Brasil enfrenta, empresas cortaram investimentos e enxugaram seus quadros de funcionários, optando por manter a mão de obra experiente e qualificada. A situação diminui o poder de consumo dos mais jovens e põe em xeque a sua formação e inserção no mercado de trabalho formal.

De acordo com o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea e coordenador do estudo sobre desemprego, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, o movimento é comum em períodos de crise econômica como o atual. “Por se tratar de uma mão de obra pouco qualificada ou sem nenhuma experiência, ela sofre mais com o desemprego. Já as pessoas com mais qualificação tem menos dificuldades de encontrar emprego.” Segundo Souza, isso pode afetar os jovens em longo prazo, uma vez que eles saem das suas áreas de atuação para trabalhar em outros setores e, depois, não conseguem mais retornar ao seu campo profissional, o que pode aumentar o índice de emprego informal.

A falta de oportunidades na população entre 14 e 24 anos pode ocasionar, em curto prazo, a escassez de profissionais para ocupar cargos iniciais e intermediários, como funções de liderança, que exigem conhecimentos operacional e técnico, acumulados ao longo da vida corporativa na maioria das empresas. “Em longo prazo, acabaremos por observar líderes menos estratégicos e mais voltados para tarefas de execução, que deveriam ser desenvolvidas pelos mais jovens”, afirma a consultora de Transição de Carreira e Coaching da Thomas Case & Associados, Marcia Vazquez.

Essa má-formação dos profissionais nas empresas pode contribuir para aumentar ainda mais a baixa produtividade brasileira, que amarga a última colocação no ranking das 12 principais economias do mundo.

Oportunidades

O remédio contra o desemprego juvenil passa pela qualificação e determinação do jovem para se tornar atraente profissionalmente. Talvez o melhor caminho possa ser a aproximação de entidades educacionais que fazem uma “ponte” entre estudantes e empresas, que por sua vez investem em profissionais realmente alinhados com as expectativas do mercado.

Segundo a coordenadora da área de educação do Senac São Paulo, Ana Kuller, não basta o jovem se qualificar, deve estar atento às aspirações do mercado. “No geral, a falta de formação e de experiência profissional são as justificativas mais comuns para a não contratação de jovens. Cabe também destacar que em alguns casos os jovens até possuem formação, mas ela não se dá no nível ou na área em que as empresas demandam.”

Empreendedorismo

Segundo o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Guilherme Afif Domingos, é essencial ampliar aos jovens o acesso a orientações sobre empreendedorismo, para que eles considerem essa alternativa profissional com o desenvolvimento de habilidades e atitudes empreendedoras. “A janela do empreendedorismo é uma das mais interessantes, porque coincide com um momento propício, em que o jovem tem acesso a muita informação atualizada, é recém-egresso dos bancos escolares e, por outro lado, ainda não tem muitas responsabilidades, como sustentar uma família”, afirma.

“O papel das escolas no fomento às discussões de novas formas de atuação dentro das carreiras é fundamental, já que podem ser fonte inspiradora para a geração do trabalho em suas variadas formas. Poderão auxiliar a abrir caminhos antes não pensados e, especialmente, ensinar que o emprego está morrendo em todo o mundo, mas o trabalho permanece como o principal ordenador da vida humana e um dos possíveis responsáveis pela nossa felicidade”, aponta a consultora Marcia. Nesse contexto, o Sebrae mantém o Programa Nacional de Educação Empreendedora, que já capacitou mais de 2,5 milhões de estudantes.

Resta confiar nas projeções de retomada do crescimento apontada em sinais de estabilização da economia com expectativa de expansão de até 1% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, fazendo com que empresas voltem a crescer e a investir, o que deve contribuir para a melhoria do mercado de trabalho.

Confira a reportagem na íntegra publicada na revista Problemas Brasileiros.

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