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Imprensa

Juros e inflação levam a recordes de endividamento e inadimplência na capital paulista em abril

Famílias pagam mais em juros e usam crédito para manter o consumo diante da alta dos preços

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O aumento dos juros e da inflação levaram o endividamento e a inadimplência a alcançarem recordes na capital paulista, em abril. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 75,3% dos lares tinham dívidas no quarto mês do ano. Este foi o maior nível desde o início da série histórica (2010) e a primeira vez que o número de famílias endividadas chegou a 3,01 milhões. Já a inadimplência atingiu a taxa de 24,6% – o que significa 986 mil famílias com contas em atraso. O porcentual das que avaliaram que não conseguirão quitar as dívidas atrasadas atingiu 10,1%, maior taxa desde 2010.

De acordo com a pesquisa, 93,7% dos lares estavam endividados no cartão de crédito, e 19,1%, nos carnês. A modalidade de crédito pessoal registrou o porcentual de 11,2%. O aumento na taxa básica de juros da economia, a Selic, que saiu de 2% para 11,75% ao ano (a.a.), além de dificultar o acesso ao crédito, encareceu os financiamentos, levando a uma transferência maior da renda para o sistema financeiro, em detrimento do consumo. Isto é, as famílias estão pagando mais em juros e têm menos recursos para compras e pagamento de contas.

A guerra na Ucrânia, que agrava o processo inflacionário, dificulta ainda mais o cenário com alta das commodities agrícolas, como o trigo e a soja, além do reajuste dos combustíveis e do aumento dos alimentos. A junção destas circunstâncias tem levado as famílias a buscarem, no crédito, a alternativa para manter o consumo diante da elevação dos preços.

Desta forma, a PEIC aponta para uma tendência de aumento dos que pretendem contrair crédito nos próximos meses. A pesquisa demonstra que 8,1% consideravam obter algum recurso com bancos ou financeiras. Destes, 66,3% disseram que a finalidade seria o consumo/compras (imagina-se que para despesas com gasolina, supermercados, medicamentos etc.), e 31,9% pretendiam utilizar para pagamento de dívidas e de contas.

Todas as classes sociais analisadas pela pesquisa apresentaram recordes de endividamento e inadimplência. Nos lares com renda de até dez salários mínimos, a taxa de endividamento foi de 78,1%. Já nos que ganham menos, o porcentual ficou em 67,1%. No entanto, em relação à inadimplência, nota-se que as famílias de menor poder aquisitivo são as mais atingidas pelo fenômeno: 29,5%, contra 12,2% das que ganham mais.

Melhora do emprego não foi suficiente

O ICF, indicador que mede a Intenção de Consumo das Famílias, se manteve tecnicamente estável em abril. Com variação de 0,6%, o índice ficou na casa dos 76 pontos (76,8 pontos). O item Emprego Atual, que compõe o indicador, subiu 5%, atingindo os 102,6 pontos – maior nível desde abril de 2020.

Outra variável do ICF, a Perspectiva Profissional se consolidou em 1,9%, porém, abaixo dos 100 pontos (99,8). Com a recuperação do mercado de trabalho formal em São Paulo, era esperado um crescimento da renda, o que levou o item Renda Atual a subir 4,2%, alcançando 80,6 pontos.

Contudo, a melhora do emprego não foi suficiente para contrabalancear a inflação. Prova disso é que o Nível de Consumo Atual ficou praticamente estável nos 57,4 pontos (ligeira alta de 0,4%), enquanto a Perspectiva de Consumo retraiu 6%, assim como a variável Momento para Duráveis (-2,7%). Por fim, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) apresentou recuo de 0,7%, voltando aos 104,3 pontos. O Índice de Condições Econômicas Atuais (ICEA) subiu 2,8% e ficou nos 68,9%. Já o IEC (Índice de Expectativa do Consumidor) registrou queda de 1,9% e recuou para os 128 pontos.

Notas metodológicas

PEIC
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.

ICF
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.

ICC
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.

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