Economia
02/03/2016Manutenção da taxa Selic era esperada, mas inflação ainda preocupa
Entidade vê risco crescente de que aumento da dívida pública alimente processo inflacionário
A saída é atacar a raiz do problema, que é fiscal, avançando na reforma da Previdência
(Pixabay)
Pela quinta vez consecutiva, o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros no atual patamar, de 14,25% ao ano. Na análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), um conjunto de equívocos de política econômica colocou o País em uma verdadeira encruzilhada. Apesar da retração acentuada da atividade, a inflação segue elevada mesmo com o crédito em queda e os juros altos.Isso porque, sem um efetivo ajuste fiscal, a capacidade da política monetária de conter a alta de preços é cada vez mais limitada. Além disso, novas altas da taxa básica tenderiam a agravar o quadro fiscal, acelerando o crescimento da dívida pública.
Na avaliação da Entidade, esperar que a retração da atividade econômica e o aumento do desemprego segurem a inflação diante de tal cenário parece ser praticamente a única opção viável do Banco Central. Entretanto, tal caminho representa um risco grave para a economia brasileira, visto que o crescimento acelerado da dívida poderia levar à emissão de moeda e, consequentemente, à retroalimentação do processo inflacionário.
Para a FecomercioSP, a saída é atacar a raiz do problema (que é fiscal), avançando na reforma da Previdência, na desindexação da economia e na desvinculação das receitas. Entretanto, embora haja praticamente consenso a respeito do diagnóstico e da saída para a crise, falta agilidade, clareza, convicção e coerência por parte do governo, bem como capacidade de articulação política.
A Federação reafirma que sem propostas contundentes para enfrentar a crise, em meio ao um escândalo de corrupção que paralisa os investimentos da principal empresa do País, com o Congresso fragmentado e um cenário externo desfavorável, a economia brasileira caminha para o segundo ano consecutivo de queda expressiva do PIB. As vendas do varejo, após o recuo de 4,3% em 2015, devem cair entre 3% e 4% em 2016. A taxa de desemprego deve ultrapassar os 10% ainda no primeiro semestre e a inflação deve ficar acima do teto da meta.
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