Endividamento continua maior entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos: 54,9% disseram ter algum tipo de dívida no mês
(Arte/TUTU)

Em agosto, a proporção de famílias paulistanas endividadas apresentou alta de 2,3 pontos porcentuais (p.p.) na comparação com julho, visto que 51,5% das famílias paulistanas apontaram ter algum tipo de dívida. Na comparação anual, quando 54,8% das famílias estavam endividadas, nota-se uma queda de 3,3 p.p.. Em números absolutos, o total de famílias endividadas passou de 1,893 milhão em julho para 1,980 milhão em agosto, sendo que em julho de 2015, esse número era de 1,966 milhão, isto é, 14 mil a mais. 

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). 

De acordo com a assessoria econômica da Entidade, a segunda alta seguida demonstra que o consumidor ainda tem encontrado dificuldades para manter seu orçamento equilibrado, em função do aumento do desemprego, da manutenção dos juros em alta e da inflação que permanece em patamares elevados – a qual impacta principalmente os alimentos. Vale dizer por exemplo que, de acordo com o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, medido pelo IBGE no mês de julho, o grupo alimentos teve alta de 13,58% no acumulado de 12 meses e itens como Feijão Carioca e Leite Longa Vida, apresentaram alta anual de 166,38% e 46,47%, respectivamente. 

Inadimplência
Em agosto, 19,9% das famílias paulistanas afirmaram estar com as contas em atraso, alta de 2,6 p.p. em relação ao mês anterior. No comparativo com o mesmo período do ano passado, o indicador apresentou alta de 4,6 p.p. Em números absolutos, o total de famílias com contas atrasadas passou de 666,5 mil para 766,3 mil. 

A inadimplência também segue mais elevada nas famílias com menor renda. Entre as que ganham até dez salários mínimos, 24,4% estão com contas atrasadas – aumento de 3,9 p.p. na comparação com agosto de 2015. Segundo a Federação, as famílias que recebem menos de dez salários mínimos sentem mais intensamente os efeitos da inflação e da alta de juros. Para esta faixa da população, onde qualquer imprevisto pode desequilibrar suas finanças, o crédito representa um importante meio de inclusão nos padrões de consumo e é a única forma de acesso a esses padrões. Já entre aquelas com renda superior a dez salários mínimos, o indicador permaneceu igual ao mês de julho, 9,3% afirmaram ter dívidas vencidas em agosto. 

Sendo assim, em agosto, 8,5% das famílias disseram que não teriam condições de pagar total ou parcialmente suas contas no mês seguinte, alta de 1,2 ponto porcentual em relação ao mês anterior. Esse porcentual era de 5,8% no mesmo período de 2015. Em números absolutos, existem 328,6 mil famílias que estão nessa situação. 

Tipos de dívida
O cartão de crédito continua sendo o maior protagonista do cenário de endividamento e foi utilizado por 71,3% dos devedores em agosto, leve queda de 0,2 p.p. em relação a julho. De acordo com a assessoria econômica da Entidade, a justificativa da elevação deve-se a um conjunto de fatores que contribuem para a sua maior utilização. Com a alta da inflação corroendo o poder de compra das famílias, pesando principalmente sobre alimentos e itens não financiáveis, a renda disponível no mês fica cada vez mais comprimida. Com isso as famílias buscam no parcelamento do cartão uma via de financiamento para compra de itens adicionais.