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Editorial

Pelo dia 8 de março — e por todos os outros

Em artigo, Gisela Lopes, vice-presidente da FecomercioSP, adverte que a ideia de que mulheres devem priorizar o cuidado da casa acaba por desencorajá-las a buscar a independência financeira

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Pelo dia 8 de março — e por todos os outros
"Atualmente, no Brasil, apenas 45% das mulheres que abrem o próprio negócio consegue prosperar", Gisela enfatiza (Arte: TUTU)

Gisela Lopes*

Há alguns anos, o Dia Internacional da Mulher era uma das poucas oportunidades para que o papel do público feminino ganhasse real destaque. Dia esse em que, oficialmente, celebrava-se o quão importante, e indispensável, ele se tornou ao longo da história — seja na vida pessoal, seja na vida profissional.  

Fato é que, hoje, felizmente, nós nos deparamos quase todos os dias com reportagens, vídeos institucionais, postagens em redes sociais, podcasts, entre vários outros espaços de comunicação e debate, que retratam o quanto as mulheres vêm expandindo posições nas frentes em que atua. E, aqui, abro uma reflexão sobre a relevância feminina no empreendedorismo e no fomento à economia. 

No ano passado, o Sebrae divulgou um estudo mostrando que, no último trimestre de 2022, o Brasil chegou a uma margem histórica de empreendedoras no País: 10,3 milhões de gestoras à frente dos próprios negócios, somando mais de 34% do total de empreendedores brasileiros. Ainda assim, um porcentual abaixo do melhor índice registrado, apontado no 4º trimestre de 2019, quando elas representavam 34,8% do total. 

De toda forma, é inegável que esse resultado sinaliza a conquista das mulheres no mercado de trabalho e o crescimento de empresas lideradas sob a estratégia e o esforço femininos. Por outro lado, é indiscutível também considerarmos que há, ainda, muito a ser feito com relação a oportunidades de investimentos, qualificação profissional, acesso a crédito e condições de trabalho que permitam jornadas intercaladas entre as atividades profissionais e as domésticas.  

A ideia de que as mulheres devem priorizar o cuidado da família e da casa, em muitos casos, acaba por desencorajá-las a buscar uma independência financeira, ainda que essa não seja uma necessidade, mas uma opção de crescimento e de autonomia. É preciso, no entanto, não desconsiderar as dificuldades pelas quais muitas mulheres passam ao encontrar no empreendedorismo somente uma fonte de sobrevivência.  

Negócios que surgem como soluções para períodos de crise, porém, que não prosperam. As inúmeras e onerosas obrigações tributárias associadas a um emaranhado burocrático do dia a dia empresarial culminam em estagnação ou, até mesmo, fechamento de muitas pequenas empresas. Soma-se a esse cenário as desigualdades de oportunidades em virtude das disparidades de gênero, da lacuna salarial, de casos de discriminação e dos obstáculos para conciliar trabalho e vida pessoal. Atualmente, no Brasil, apenas 45% das mulheres que abrem o próprio negócio consegue prosperar.

Sob esse contexto, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), ao lado de mais de 130 sindicatos patronais, tem como um dos propósitos principais lutar pela igualdade no ambiente de negócios em todos os seus aspectos. Para isso, conta com o apoio de diversos órgãos de trabalho que dialogam, de forma direta, com o Poder Público acerca de políticas governamentais que venham ao encontro das ações de combate aos entraves responsáveis por colocar as mulheres em patamares inferiores de competitividade. Exemplo disso está na sua parceria com a Frente Parlamentar pela Mulher Empreendedora, presidida pela deputada Any Ortiz (Cidadania-RS), cuja atuação na luta pela simplificação e pela redução tributárias vai diretamente ao encontro das iniciativas da Federação.  

No início deste ano, a FecomercioSP também promoveu um encontro com a primeira-dama de São Paulo, com apoio do Programa Bem Querer Mulher (BQM), para discutir ações e políticas públicas que garantam mais segurança às mulheres — as maiores vítimas de violência no País —, bem como oportunidades de aprimoramento profissional. A discussão e a reflexão se ampliaram significativamente na sociedade a respeito do devido lugar da mulher na sociedade e no mercado de trabalho, o que não elimina paradigmas que ainda necessitam de um olhar mais coerente e justo na construção de políticas adequadas às reais necessidades femininas. Providências sem as quais a perspectiva de um país melhor — sustentável, promissor e mais equilibrado — jamais será alcançada.  

*Gisela Lopes é vice-presidente da FecomercioSP e presidente do Conselho do Comércio Varejista (CCV) da Entidade

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