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Economia

Potencial da indústria criativa pode turbinar a economia do País

Ela engloba 13 atividades, que têm como insumos primários a criatividade, o conhecimento e o capital intelectual

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Potencial da indústria criativa pode turbinar a economia do País

Entre as atividades que fazem parte da indústria criativa estão a publicidade e os campos de produção de conteúdo editorial e audiovisual (Foto: Istock)

Com informações de Raíza Dias

Considerada o futuro da economia brasileira e tendência que mudará os paradigmas sociais e de mercado, a indústria criativa é apontada por especialistas como alternativa que precisa de incentivo para alcançar seu potencial no País.

A cadeia engloba 13 atividades, as quais têm como insumos primários a criatividade, o conhecimento e capital intelectual. São consideradas parte dela: publicidade; arquitetura; design; moda; expressões culturais; patrimônio e artes; música; artes cênicas; editorial; audiovisual; pesquisa e desenvolvimento; biotecnologia e tecnologia da informação e comunicação.

O Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Sistema Firjan), estudo de 2014 que tem norteado o segmento, mostra que, na última década, o número de empresas dessa cadeia cresceu 69,1%. Com base na massa salarial gerada por esses empreendimentos, a estimativa é que a indústria criativa gere um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente a R$ 126 bilhões, o que representa 2,6% do total produzido em 2013. Toda a riqueza produzida por esse mercado expandiu 69,8% em termos reais em dez anos, índice bem superior aos 36,4% registrados no PIB brasileiro no mesmo período.

Potencial brasileiro

O potencial do Brasil é visto como “imenso” pelo pesquisador britânico John Howkins, nome mundialmente ligado à economia criativa. “O Brasil é incrivelmente criativo e é internacionalmente reconhecido por talentos extraordinários em design, música, cinema, arquitetura e demais. Além disso, os brasileiros têm um senso instintivo para pensamento criativo em todos os níveis da sociedade. Poucos países têm isso.”

Um estudo da PwC mostrou essa força. Focado em negócios de mídia e entretenimento, o relatório global da consultoria prevê crescimento de 6,4% ao ano até 2020 para as atividades no Brasil, o que supera a média global, de 4,4%. Isso se deve principalmente ao fato que no País são esperados gastos expressivos com publicidade na TV e acessos à internet, TV e vídeo. A expectativa é que o faturamento do setor brasileiro de mídia e entretenimento alcance US$ 48,7 bilhões em 2020.

O Brasil está agora preparando startups e grandes empresas. “O governo precisa dar passos para auxiliar os desenvolvimentos da criatividade e da inovação no mesmo nível de suporte dado historicamente para os setores de agricultura e indústria”, avalia Howkins.

Há algumas tentativas, como o Projeto de Lei nº 3396/2015, em tramitação no Congresso Nacional, que propõe a instituição da Política Nacional de Incentivo à Economia Criativa. A Lei Rouanet, criada para disponibilizar recursos que fomentem a cultura, também está no arcabouço de ações federais de apoio à essa economia.

Iniciativas locais

Nas gestões locais essa indústria tem encontrado apoio. Em Porto Alegre (RS), a prefeitura envolveu 38 entidades do setor, em 2014, no Plano Municipal de Economia Criativa, mapeou a economia criativa na capital gaúcha e, ao detectar que 95% dos entrevistados não se viam como empreendedores da área, destinou um território para a atração e o desenvolvimento desses negócios, com isenção de IPTU por cinco anos.

No Rio de Janeiro, prevendo a crise do petróleo, motor da economia até 2015, a busca por outras potencialidades foi crucial. “Apareceu a economia criativa como um setor expressivo", conta Marcos André Carvalho, da incubadora Rio Criativo. O espaço foi o primeiro do Brasil exclusivo para empresas dos setores criativos, onde as primeiras companhias elevaram seus faturamentos de R$ 1 milhão para R$ 10 milhões. A iniciativa foi replicada em mais 14 Estados pelo Ministério da Cultura.

Lacunas

Porém, é preciso mais. "O grande gargalo é a falta de informação setorial, sobre o impacto econômico [economia] da cultura, sobre os gargalos existentes no mercado de trabalho e taxa de ocupação", avalia o professor do departamento de Economia e Relações Internacionais e, também, coordenador do Observatório de Economia Criativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Leandro Valiati.

O governo federal chegou a dar alguns passos nesse sentido. Em 2011, o Ministério da Cultura (MinC) criou a Secretaria de Economia Criativa, que se debruçaria sobre esse mercado e seu potencial. A pasta, contudo, teve menos de cinco anos de vida e, hoje, o trabalho está vinculado à atuação da Secretaria de Educação e Formação Artística e Cultural (Sefac), também do MinC. 

Quanto aos esforços isolados em municípios e Estados, especialistas frisam que é preciso um olhar em âmbito federal. "São necessários novos ajustes dos marcos legais para cultura, tanto na questão trabalhista quanto na tributária", sugere Marcos André Carvalho, que já comandou a Secretaria de Economia Criativa e hoje atua como assessor especial para a economia criativa e diretor da incubadora Rio Criativo.

As lacunas passam também pela educação, que foi a área focada por Germana Uchoa para fundar o Espaço Garimpo, em Recife (PE), que presta consultoria a empreendedores da economia criativa, além de oferecer cursos e workshops.  Segundo ela, os profissionais têm dificuldades de transformar talentos em negócio.

Para os especialistas, é fundamental encarar a indústria criativa como o próximo passo da economia brasileira, em que o valor do intangível tenha tanto peso quanto do capital. O principal desafio é entendê-la como um novo paradigma para a economia mundial.

Confira a reportagem na íntegra, publicada na revista Problemas Brasileiros.

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