Por Alessandra Jarussi

O único modo de evitar o afastamento, o isolamento e a falta de diálogo nas famílias diante do uso frenético da tecnologia é priorizar as relações reais. “Uma ideia é fazer acordos familiares, por exemplo, estabelecendo horários para todos ficarem desconectados, ou reunir os amigos e ‘confiscar’ temporariamente os celulares. É importante curtir os amigos e familiares. O que adianta saber tanto da vida dos outros pelo Facebook do que não saber o que se passa com a nossa família? A Internet é uma ferramenta maravilhosa para que nós a usemos e não para sermos usados por ela”. A avaliação é da jornalista Fabiana Bertotti, autora do livro “Confissões de uma viciada em Internet”, em que relata suas experiências de forma bem-humorada, intercaladas com dados de pesquisas e estudos sobre o comportamento digital. Ela é uma das palestrantes do I Congresso Fecomercio de Educação Digital, que será realizado no dia 5 de maio.

A jornalista alerta ainda para a possibilidade de influência negativa das relações pela Internet sobre os relacionamentos no mundo real. “Às vezes, a pessoa passa a negligenciar sua realidade porque a satisfação que ela encontra no mundo virtual é maior do que na vida real. Ela posta uma foto e só recebe elogios. Aquele estímulo online acaba sendo mais compensador do que os estímulos na vida real”, diz.

Fabiana ressalta ainda que quem navega pela Internet e usa redes sociais precisa, antes de tudo, entender que as possibilidades de mentira são maiores no mundo virtual. Esse é um alerta importante que pais e educadores devem fazer aos jovens. “As pessoas ‘editam’ a vida nas redes sociais: colocam a foto mais bonita, escolhem os melhores momentos do fim de semana, enfim, ‘vendem’ o seu melhor. E talvez nem seja a melhor parte; talvez seja a parte que elas criaram na cabeça delas para mostrar aos outros”, afirma a jornalista.

Além do cuidado com desconhecidos ou recém-conhecidos na Internet, os pais também devem transmitir valores aos filhos para que eles próprios sejam sinceros, tanto no mundo real quanto no virtual. “Ser verdadeiro e respeitar o espaço do outro são fundamentais nas relações pela Internet”, conclui.