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Negócios

Profissionais de turismo, hotelaria e eventos se preparam para atender turistas com deficiência

Instituições de ensino já tratam do tema acessibilidade e procuram preparar estudantes para que consigam suprir a demanda crescente

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Profissionais de turismo, hotelaria e eventos se preparam para atender turistas com deficiência

Tema vem sendo bastante discutido e incorporado nos cursos que preparam os profissionais da área
(Arte/TUTU)

Por Jamille Niero

Em vigor desde o início deste ano, o Estatuto da Pessoa com Deficiência promete estimular a demanda ao longo de toda a cadeia de negócios ligada à hospedagem. Entre os segmentos beneficiados, destaca-se o da capacitação, com cursos que preparam os profissionais que vão lidar diretamente com esses hóspedes.

“São aproximadamente 46 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência. É um filão interessante e acabamos deixando passar quando falamos sobre isso, porque muitos ainda veem a acessibilidade apenas como custo e não como um público a ser atendido”, aponta o professor do Centro Universitário Senac nas áreas de eventos, hotelaria, recursos humanos, engenharia e arquitetura, Ricardo Wagner A. Martins.

Ele explica, no entanto, que estudantes de Turismo, Hotelaria e Eventos já têm contato com o tema em várias disciplinas dentro dos cursos. “Aqui falamos de acessibilidade nas questões ligadas a design e ergonomia, como lidar com pessoas com deficiência, quais adaptações seriam interessantes para hotelaria etc. O gestor sai preparado. Existe a preocupação e a conscientização tem aumentado”, diz o professor do Senac-SP. 

Martins comenta ainda sobre a adoção do conceito de desenho universal, bastante utilizado no curso de Arquitetura e que busca atender todos os usuários, pessoas com deficiência ou não. “Onde passa uma pessoa, tem que passar todas. O espaço é para todos”, diz o especialista. Isso vale não só para pessoas com deficiência, mas também para idosos, crianças, gestantes, obesos, entre outros. 

Além de trabalhar adaptações em estabelecimentos privados, o estudante de Turismo aprende a avaliar a acessibilidade em vias públicas e atrações turísticas. “É um  mercado de nicho que deve crescer cada vez mais. Já existem agências que trabalham especificamente com turismo acessível e temos diversos municípios que estão preparados para receber esse público”, destaca o professor do curso de Turismo da Universidade Anhembi Morumbi, Gilberto Back. 

Um exemplo citado pelo professor é o caso de Bertioga, no litoral paulista, que há dois anos já recebia pelo menos um ônibus por mês com turistas com dificuldades de mobilidade. A procura era motivada pela oferta de um pedalinho adaptado para entrar no mar.

“A palavra-chave é diversidade. Os alunos estão acostumados a lidar com a diversidade. Acredito que dentro das agências [de turismo] já comece a ramificar um treinamento externo para atender a esse público”, complementa Back. 

Para ele, o acesso ao tema acessibilidade permite que os alunos levem para o mercado o que aprenderam, fortalecendo e melhorando o atendimento do setor ao público com algum tipo de deficiência. “Hoje já temos condições de atender essas pessoas, mas pode haver avanços.” 

Segundo especialistas, o atendimento aos turistas com algum tipo de deficiência tende a melhorar, já que o tema vem sendo bastante discutido e incorporado nos cursos que preparam os profissionais da área. Mas os estudiosos consultados também apontam que falta aos estabelecimentos divulgar mais e melhor os serviços já disponíveis. Outro reforço importante nesse sentido seria a aproximação entre associações que tratam do tema, o Poder Público e o consumidor em geral para cobrar uma oferta maior de equipamentos que atendam os turistas com deficiência.

Legislação
Entre as exigências da nova legislação está que 10% dos dormitórios de hotéis e pousadas sejam acessíveis e que, ao menos uma unidade acessível seja garantida. Para atender à norma, muitos estabelecimentos devem adaptar o local ou, em caso de nova construção, já incluir no planejamento da obra. 

Existem algumas linhas de crédito disponíveis para a iniciativa privada realizar as adaptações necessárias. Contudo, mais do que a facilidade no valor a ser desembolsado para atender às normas, é preciso profissionais capacitados tanto para orientar as reformas necessárias quanto para atender o turista com deficiência. 

No caso das adaptações na arquitetura do local, o ideal é seguir o que recomenda a NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Há ainda a Lei Federal nº 10.098/2000, que também trata do tema. 

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