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Imprensa

Propostas dos candidatos à presidência são superficiais e mantêm a instabilidade, afirmam especialistas em evento na FecomercioSP

Economista Zeina Latif acredita que os próximos anos ainda serão difíceis e as reformas necessárias para o País talvez não sejam profundas

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São Paulo, 11 de outubro de 2018 – O debate "Perspectivas do mercado brasileiro frente os cenários presidenciais do 2º turno", realizado nesta quarta-feira (10), em uma parceria do UM BRASIL – plataforma multimídia mantida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) – com o Conselho de Economia, Sociologia e Política (Cesp) da Entidade e o portal Infomoney, contou com especialistas que analisaram o atual quadro político e como a vitória de cada um dos candidatos à Presidência da República vai influenciar a economia.

Um dos presidentes do Conselho, Antonio Lanzana, demonstrou preocupação com a superficialidade como assuntos de grande interesse nacionais são tratados tanto por Fernando Haddad (PT) quanto por Jair Bolsonaro (PSL). "Os planos econômicos de ambos não foram aprofundados e são genéricos. As propostas das duas campanhas começaram a ser organizadas após o resultado de domingo, e a falta de programas detalhados pode resultar em um governo de crise permanente", destaca.

Lanzana também analisou a postura do mercado diante de Bolsonaro e Haddad. "O programa do PT é tudo o que o mercado não quer: aumento do tamanho do Estado, sem previsão de ajuste fiscal, tributação sobre grandes fortunas e outras medidas discutíveis; e o programa do PSL defende a privatização de forma exagerada e não tem nada detalhado, mas com uma tendência mais liberal. A reação do mercado vai depender das pesquisas de intenção de voto nos próximos dias, e esperamos que os presidenciáveis comecem a aprofundar a discussão sobre suas reformas, concluiu.

O também presidente do Cesp Paulo Delgado analisou o novo Congresso. Para ele, uma recomposição na Câmara dos Deputados em consequência da cláusula de barreira pode ser bastante favorável. "Acredito que quase metade dos 30 partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve cair na cláusula de barreira e ficar sem verba do fundo partidário nem tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV", conclui.

O professor de pós-graduação da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro (FGV-RJ) Samuel Pessôa, no entanto, acredita que a nova formação do Congresso não irá contribuir para a aprovação das reformas. "O atual Congresso tinha passado por um aprendizado sobre a situação do País e havia a expectativa de que votações importantes fossem retomadas após o segundo turno", avaliou. Para Pessôa, as questões econômicas que exigem decisões muito rápidas no início da gestão do próximo presidente não estão na pauta dos novos deputados. "Os parlamentares que vão assumir seus primeiros mandatos estão mais ligados às pautas de costumes e com o combate à corrupção. São poucos os que têm planos voltados às atuais necessidades econômicas, " analisou.

A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, considera que o período de dificuldades será longo. "Temos de nos preparar para anos difíceis, pois teremos um cenário medíocre, seja qual for o eleito. Teremos algumas reformas insuficientes para dar conta da atual crise fiscal. Além disso, a agenda para aumentar a produtividade do País está atrasada", alertou.

A economista identificou falhas nas campanhas eleitorais, como a falta de seriedade para tratar temas relevantes da economia. "Essa campanha mostra que não aprendemos o que deveríamos ter aprendido. A ideia de que basta apenas combater a corrupção e nossos problemas serão resolvidos mostra que o Brasil não amadureceu."

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