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Editorial

Ser um estabelecimento PCI Compliance pode minimizar os problemas de fraude, afirma Guasti

FecomercioSP e ABECS têm comitê para busca de soluções entre o varejo on-line e as administradoras de cartões de crédito e débito para reduzir riscos de fraudes

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Ser um estabelecimento PCI Compliance pode minimizar os problemas de fraude, afirma Guasti

Os riscos de uma venda realizada pela internet são de responsabilidade dos varejistas on-line, o que prejudica o setor
(PixAbay)

Pedro Guasti

A cena é comum a todos nós, basta irmos em um restaurante, saborearmos uma boa refeição e, no momento de pagar a conta surge a pergunta clássica para pagamentos com cartão: “débito ou crédito?”.Muitos consumidores, simplesmente, não carregam mais consigo dinheiro em papel moeda ou talões de cheques, apenas levam os cartões de plástico na carteira.

Os brasileiros aos poucos têm incorporado em seus hábitos o uso de cartões como meio preferencial para pagamentos de suas contas. No entanto, segundo os dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS), apenas 28,4% das famílias realizaram suas compras usando cartões de crédito e débito, no primeiro trimestre de 2016. E, como pagam suas contas as demais? Usando os meios tradicionais: dinheiro, cheques, boletos, etc, sobretudo fora das grandes cidades.

O varejista tradicional, quando realiza uma venda presencial com cartões de crédito tem por parte das bandeiras – Visa, Mastercard, Amex, entre outras – a garantia do recebimento do valor num prazo que varia entre 33 e 35 dias corridos após o cliente pagar a mercadoria ao lojista. O que, sem dúvida, exige dos empresários do setor uma ótima gestão de fluxo de caixa. Porém, de certa maneira podemos dizer que os varejistas transferem aos “cartões” o risco de inadimplência e eventuais fraudes, evitando assim prejuízos financeiros. 

Por outro lado, não temos a mesma realidade para o comércio eletrônico. Os riscos de uma venda realizada pela internet são de responsabilidade total dos varejistas on-line, pois trata-se de uma transação não presencial. Para os consumidores nada muda, porém para os comerciantes on-line isso implica em custos de administração elevadíssimos, alta tecnologia e recursos humanos qualificados para se certificarem de que a venda feita pela internet não passa de uma fraude antes de enviar os produtos para a casa do consumidor.

O meio de pagamento chave do comércio eletrônico é o cartão de crédito e, quando olhamos os números do setor no Brasil, vemos que 73,5%dos consumidores usaram o cartão de crédito para efetuar suas compras no ano de 2015; 19,6% boletos bancários e 7,0% outros meios de pagamento, de acordo com relatório Webshoppers 33a edição da E-bit.  Portanto, a carteira de vendas dos varejistas on-line requer não só uma boa administração de fluxo de caixa, mas também uma excelente análise de risco de crédito, uma que vez que os empresários assumem 100% da responsabilidade por fraudes.

Os varejistas online brasileiros investem pesado para identificar potenciais fraudadores e atuam em conjunto com os órgãos de segurança pública para mitigar tais práticas, muitas bem organizadas e, desta forma, depois de muitos esforços e negativas de compras, conseguiram reduzir os índices de Chargeback, para patamares entre 0,4 e 0,7% dos valores transacionados. Ou seja, para evitar o cancelamento feito pela administradora de cartão de uma venda efetuada com cartão de crédito ou débito por identificação de fraude ou não cumprimento das regulamentações previstas no Contrato de Credenciamento e Adesão dos Estabelecimentos, o que chamamos de Chargeback, somente com um trabalho contínuo e tecnologia é possível separar o joio do trigo, como diz um ditado popular.

Podemos afirmar que cerca de 75% dos consumidores do varejo online tiveram o processamento de seus pagamentos capturados por uma das três empresas: Cielo, Rede e GetNet. O que gera uma base de dados extremamente importante e suscita a discussão em termos de preservar a privacidade e a segurança de dados, bem como mecanismos para reduzir ao máximo o Chargeback aos varejistas online.

Assim, é bem-vindo que os setores varejistas online e as empresas de meios de pagamento se unam na busca de soluções que visem simplificar a experiência de compras dos consumidores na internet e, simultaneamente, adotem medidas de segurança e privacidade rigorosas, tais como os padrões PCI-DSS – Payment Card Industry e Data Security Standard, inicialmente consolidados pela Visa e Mastercard e, posteriormente adotados por outras bandeiras de meio de pagamento.

Para efeito de demonstração deste processo de certificação PCI-DSS, nenhum varejista online pode armazenar o número de cartão de crédito (todos os dígitos), caso não seja Full PCI Compliance. Armazenar os dados dos cartões dos clientes facilita e simplifica as compras dos usuários da internet, como podemos perceber ao comprar na loja iTunesou mesmo quando usamos o gateway de pagamentos PayPal, permitindo o pagamento seguro por meio de um login e senha, sem a necessidade de preenchimento de dados dos clientes durante o processo de compra online.

Ser um estabelecimento PCI Compliance pode minimizar os problemas de fraude, roubo de informações e, por consequência, o índice deChargeback dos empresários que atuam no comércio eletrônico. Porém, os seus custos de implantação, bem como de adaptação ao padrão de mercado brasileiro ainda requerem uma maturação e abertura dos atores envolvidos.

Neste sentido, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por meio do seu Conselho de Comércio Eletrônico em parceria com a ABECS criou o Comitê de Riscos e Fraudes do Varejo On-line FecomercioSP/ABECS com o objetivo de buscar soluções conjuntas entre o varejo on-line e as administradoras de cartões de crédito e débito para reduzir os riscos de fraudes, preservando a segurança e privacidade dos meios de pagamento de acordo com a legislação vigente no País.

O comércio eletrônico já demonstra a importância que o setor irá ocupar no mercado dos meios de pagamento e, em certa medida, justifica a entrada de novas empresas para assegurar a privacidade e a segurança dos pagamentos eletrônicos.

*Pedro Guasti é presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP.
Artigo publicado no site CIO em 1 de julho de 2016

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