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Economia

“Subir demais os juros é tiro no pé”, diz ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda

Para o economistas, com as medidas do governo a recuperação econômica só virá em 2017 ou 2018

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“Subir demais os juros é tiro no pé”, diz ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda

Segundo Mendonça de Barros, credibilidade e confiança no País estão abaladas
(Fernando Nunes)


Com informações de Rachel Cardoso

Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o ajuste fiscal é necessário, mas somente isto não basta. É preciso sinalizar ao mercado de que os investimentos vão retornar e que há luz no fim do túnel. Na avaliação dele, com as medidas tomadas pelo governo federal a recuperação para o cenário macroeconômico deve ocorrer somente em 2017 ou 2018.

Nesta entrevista, Mendonça de Barros fala sobre o tamanho das distorções na economia – ainda sob o impacto da Operação Lava Jato, que atingiu negativamente os negócios de muitas companhias de grande porte e ajudou a paralisar o crédito – e a dificuldade política, frentes que exigirão jogo de cintura para uma reformulação, além do resgate da credibilidade e da confiança, fortemente abaladas.

A crise é econômica ou política?
Ela é política porque a própria presidente perdeu o controle da agenda já no começo do segundo mandato e é evidente que o Congresso teve todo protagonismo nesses primeiros seis meses de governo. Isso jamais aconteceu e teve efeito imediato na economia. Mas também há um forte desarranjo macroeconômico, com todos os componentes clássicos, como atividade em baixa, desemprego aumentando e juros subindo. Há ainda uma crise setorial, da qual tosos os segmentos da economia estão sofrendo, excesso o agronegócio. Então, é uma senhora crise.

As medidas tomadas pelo governo são suficientes?
Não. Todo esforço do governo está, a rigor, endereçado à redução do déficit público, à melhora do desempenho das contas públicas, o que é necessário, mas insuficiente. Mesmo o ajuste fiscal está aquém do necessário.  E o Banco Central segue aumentando juros, o que é um equívoco, uma vez que a inflação está subindo mais por conta de alta de preços controlados. O caso mais evidente é o da energia elétrica. A conta de luz das famílias brasileiras, em média até maio, subiu 52%. E isso os juros não afetam. Então, uma alta nesse momento derruba ainda mais a atividade, a arrecadação e piora as contas fiscais. Subir demais os juros é um tiro no pé.

Se essas não são as medidas certas, quais seriam?
Deveria haver outras coisas acontecendo ao mesmo tempo. Por exemplo, nós devíamos estar nos esforçando muito mais para aumentar as exportações. A taxa do dólar melhorou, a rentabilidade das exportações aumentou, mas o Brasil ainda faz muito poucos acordos comerciais. Só agora a presidente foi aos Estados Unidos para tentar destravar e melhorar as exportações para lá. É a maior economia do mundo e é das que mais vai crescer este ano.

Não devíamos ter metas para depois do ajuste? Um plano para o futuro?
Sim. Falta mostrar como construir o futuro. Sinalizar que o investimento poderá voltar a crescer, o que implicaria decisões na área do petróleo, de energia elétrica, de infraestrutura, em regulação. Mesmo que não fossem metas quantitativas, porque não é muito fácil, mas que ao menos dessem um horizonte para o empresário. O que hoje é ruim é que todos só visualizam que está difícil a curto prazo. Mas e o que vem depois?

A melhora da produtividade passa pela educação. O Brasil trabalha para isso?
Em alguns segmentos, sim. O agronegócio é o melhor exemplo de que é possível ter uma interligação da universidade, das inovações, dos agentes, com ganhos de produtividade e de competitividade. Existem vários esforços nessa direção. Se você pegar o setor aéreo e certos segmentos da engenharia, da biotecnologia, tem coisas melhorando. Mas ainda estamos bem no começo. De modo geral, a indústria está afundando, e há um reconhecimento de que especialmente os ensinos Fundamental e Médio estão muito aquém do que precisaria para realmente tornar a juventude mais moderna, mais em linha com a demanda. Aí tem alguma melhora, mas ainda temos muito que construir.

Confira a entrevista completa, publicada na revista Conselhos.

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