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Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política

Carta de Conjuntura – setembro 2020

CEEP analisa nova estrutura na relação entre governo e Congresso no cenário brasileiro e melhora nas condições econômicas mundiais, entre outras questões marcantes no momento

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Carta de Conjuntura – setembro 2020

Antonio Lanzana e Paulo Delgado, copresidentes do CEEP
(Arte/TUTU)

1. Avaliação do atual cenário político brasileiro

-             Com a decisão do Ministério da Economia de preferir “formular” a “articular”, desenha-se uma nova estrutura na relação entre governo e Congresso, em que o diálogo político, mais passional, ganha espaço em relação ao diálogo econômico, mais racional. Existe um risco inerente e histórico: o Executivo prisioneiro da sua interpretação do que é relevante e os parlamentares, por sua vez, de suas prioridades. Tal cenário, somado ao fato de que a Casa Civil não está operando fora do Palácio, proporciona mais protagonismo aos líderes do governo na Câmara e no Senado.

-             Esta estrutura passou por um desgaste, com o superministro Paulo Guedes como interlocutor universal. Desde a origem, o governo preferiu utilizar mais a Casa Civil como administrador de questões internas e Paulo Guedes na negociação com o Parlamento. Assim, o ministro da Economia foi protagonista num governo com difícil interlocução com deputados e senadores, ainda que sem muita experiência e traquejo no trato político com o Parlamento. Quando o chamado “Centrão” se organizou e o atrito com o presidente da Câmara se elevou, o modelo entrou em crise e paralisou. 

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-             Por outro lado, desponta um cenário que pode ser mais benéfico às reformas: a conjugação de interesses comuns dentro do Parlamento, combinando reformas com sucessão de Maia, tendo como agregador o deputado Baleia Rossi, autor da Reforma Tributária e candidato de consenso para presidência da Câmara. Se o STF realmente decidir pela não possibilidade da reeleição dos presidentes da duas Casas, o deputado paulista pode ser um nome comum entre Congresso e Governo, tendo como mediador o ex-presidente Michel Temer, despontando como o principal interlocutor político externo do presidente.

-             Com a popularidade do presidente Bolsonaro impulsionada pelo auxílio emergencial, a eleição de 2022 passou a ter um componente oculto muito mais profundo que a simples rotina da eleição. Se Bolsonaro se reeleger, indicará nada menos do que seis ministros do STF. Como já temos avanço das bancadas militar e evangélica no Legislativo, com um presidente conservador, isso poderia ser um fator decisivo na mudança do padrão de costumes do País.

2. Análise do atual cenário internacional

-             Há uma significativa melhora nas condições econômicas do mundo. As previsões tanto para Europa quanto para os Estados Unidos, apesar de ainda indicarem um quadro muito recessivo, vem melhorando bastante. A economia chinesa deve crescer 2% em 2020.

-             O FED mudou o sistema de metas de inflação para flexibilizar ainda mais a política monetária; além disso, vem mostrando constante preocupação com nível de emprego. Isso reforça que a política monetária deve ser expansionista por um bom tempo, suportando a recuperação, mesmo no impasse fiscal. Além de suportar o crescimento, joga para frente uma bolha potencial da Nasdaq.

-             Este cenário não deve impor grandes dificuldades para captação de poupança externa e deve aliviar a pressão sobre o câmbio até o fim do ano.

-             Os riscos são as indefinições na eleição americana, o Brexit, a bolha de ativos (risco menor) e a guerra tecnológica – que cria instabilidade geopolítica econômica.

3. Conjuntura do cenário nacional

-             Dados mostram que o “fundo do poço” foi abril. A recuperação ocorre desde maio, mas de forma heterogênea. O comércio varejista, excluindo automóveis e vestuário, já está em níveis pré-pandemia, mas com setores crescendo forte e outros ainda em nítida retração.

-             O terceiro trimestre deve vir muito forte, em decorrência dos impactos do auxílio emergencial e das antecipações de benefícios do fim do ano. Por essas mesmas razões, o quarto trimestre não deve ser tão forte, por causa da diminuição do auxílio emergencial e do menor impacto esperado do décimo terceiro salário.

-             A preocupação maior está mantida, isto é, 4,4 milhões de famílias só tem como renda o auxílio governamental de emergência, sendo que o número de pessoas que o recebe é maior que o número de pessoas empregadas com carteira assinada no País. Por outro lado, se o governo resolver manter o auxílio como está, trocará crescimento futuro por crescimento presente, dada a situação fiscal no limite.

-             O cenário otimista seria a volta do emprego concomitante à retirada do auxílio, no entanto a atual conjuntura não torna este cenário provável.

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