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Economia

Brasil supera a crise e 2018 deve consolidar retomada da economia, com elevação de 3% do PIB e inflação dentro da meta

Para a FecomercioSP, apesar do ano eleitoral, expectativa para 2018 é uma política menos conturbada e avanço das reformas, o que dará consistência à mudança de cenário

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Brasil supera a crise e 2018 deve consolidar retomada da economia, com elevação de 3% do PIB e inflação dentro da meta

Em 2017, a expectativa é de um superávit de US$ 65 bilhões na balança comercial brasileira, saldo positivo que deve se repetir em 2018
(Arte/TUTU)

Após quase três anos de uma crise sem precedentes, a economia brasileira já mostra sinais evidentes de recuperação, que devem se intensificar em 2018. Segundo projeções da Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) fechar o ano com elevação de 1%, um pouco mais otimista que o mercado. A inflação, medida pelo IPCA, deve atingir 2,8%, enquanto as vendas do varejo no Brasil devem fechar positivas em 3%, mesma taxa de crescimento esperada para a indústria.

Para a FecomercioSP, os bons resultados da produção e do faturamento de praticamente todas as atividades também respaldam o otimismo para 2018, mesmo se tratando de um ano eleitoral. Nesse sentido, a Federação destaca que em 2017 a economia brasileira se recuperou de maneira consistente mesmo durante um período de muita instabilidade política, pós-impeachmente com a votação de duas denúncias contra o presidente, que claramente afetaram o ânimo do consumidor e a confiança do empresário e investidor. A assessoria econômica da Entidade acredita em um ambiente político mais tranquilo para 2018.

Em 2017, a expectativa é de um superávit de US$ 65 bilhões na balança comercial brasileira, saldo positivo que deve se repetir em 2018, em US$ 45 bilhões. Somadas a isso, as privatizações e concessões devem continuar estimulando os investimentos e contribuindo ainda mais para a geração de emprego. A Federação aposta que entre os principais desafios para o novo ano estão o controle de gastos e o ajuste fiscal, que depende da agenda de reformas e de um grande esforço político.

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Confiança
Após o pessimismo ter predominado na passagem de 2015 para 2016, com o cenário de instabilidade socioeconômica em que se encontrava o País, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) iniciou o ano de 2017 com sinais de recuperação, já observados a partir do segundo semestre de 2016. Para o mês de dezembro, estima-se um ICC com um patamar de aproximadamente 105,3 pontos, o que significa otimismo. Assim, o índice deve fechar 2017 em torno de 6,3%, em média, acima do verificado em 2016.

Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, os crescimentos de 0,1% do PIB no terceiro trimestre e de 1,4% em relação ao mesmo trimestre de 2016, o cenário de inflação e juros em queda, os indícios de recuperação do mercado de trabalho, entre outros fatores, foram os principais responsáveis pela recuperação do indicador, uma vez que acabaram criando o efeito renda, ao provocar um ganho real no poder de compra dos consumidores. Para a Federação, o aparente encerramento da crise e a agenda de reformas em curso serviram para acelerar a retomada da confiança dos consumidores.

A confiança dos empresários paulistanos também mostrou recuperação, com processo iniciado no segundo semestre de 2016. Em abril, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) rompeu a barreira do pessimismo (acima de 100 pontos) e, em maio, alcançou 104,3 pontos, o maior patamar registrado em três anos. Contudo, com o início da crise política em meados de maio, os empresários adotaram uma posição mais cautelosa, mas ao longo do segundo semestre o indicador voltou a crescer de forma mais consistente. Para o mês de dezembro, estima-se um ICEC com um patamar de 110,2 pontos. Com isso, o índice deve fechar 2017 aproximadamente 23% acima, em média, do verificado em 2016.

Estoques e expansão
A retomada do consumo das famílias e o comportamento ainda conservador dos empresários do varejo para novos pedidos com os fornecedores fizeram com que o Índice de Estoques (IE) da FecomercioSP tivessem um desempenho positivo, crescendo quase 9% no ano. Esse desempenho foi motivado, principalmente, pela queda na proporção de empresários que declararam estar com estoques acima do adequado, ou seja, com as prateleiras cheias, movimento que tende a ser intensificado por ocasião do Natal, quando os pedidos devem crescer menos do que a projeção das vendas. Com isso, o IE deve fechar o ano em 110,3 pontos. A Federação prevê que, em 2018, dependendo dos resultados reais e da diferença entre projeções e vendas efetivas, a adequação de estoques volte ao seu patamar histórico de antes da crise, que era de cerca de 125 pontos entre 2011 e 2013.

Em 2017, após dois anos de redução de postos de trabalho, o mercado deu os primeiros sinais de recomposição, exatamente como já antecipava, desde o fim de 2016, o Índice de Expansão do Comércio (IEC) também produzido pela Entidade. Da mesma forma como ocorreu com a confiança, a propensão dos empresários a investir também cresceu cerca de 22%, sendo que houve crescimento em nove dos 12 meses do ano. A tendência é que no mês de dezembro o IEC alcance 106,4 pontos, fechando o ano dentro da zona de otimismo (acima dos 100 pontos), o que não ocorre desde janeiro de 2015. Para 2018, além das contratações que vão se intensificar e colaborar com a recomposição do emprego no Brasil, uma parcela significativa das empresas deve voltar a efetivamente investir na expansão das atividades tanto no comércio quanto na indústria.

Endividamento e inadimplência
Em 2017, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) variou entre um paulistano conservador, ainda se protegendo da crise - evitando contrair crédito e liquidando débitos atrasados - no início do ano, e o mesmo consumidor voltando a se endividar a partir de junho, dada a conjuntura de inflação em queda, aliada à redução da taxa de juros e, ainda mais significativo, a injeção dos recursos do FGTS de contas inativas.

A oscilação se evidencia ao considerar que a média de famílias endividadas caiu de 52,2%, no último trimestre de 2016, para 49,3%, nos primeiros três meses deste ano. Com as posteriores cinco altas consecutivas da PEIC entre junho e novembro, a proporção de famílias paulistanas endividadas alcançou 56,7% no penúltimo mês do ano, o maior porcentual desde julho de 2013. Ainda entre junho e novembro, a inadimplência cresceu 1,4 ponto porcentual (p.p.) com 20,4% das famílias paulistanas declarando ter alguma conta em atraso. Para o mês do Natal, a expectativa é que o endividamento continue alto com 55,2%, 3,3 p.p. superior a dezembro de 2016. Com um pouco mais de segurança na economia, com inflação em baixa e melhora no emprego, tanto as famílias buscam aumentar o consumo via crédito, com melhor controle das dívidas, quanto os bancos também ficam cada vez menos seletos na oferta de crédito, o que deve manter as vendas do varejo aquecidas, com destaque para os bens duráveis.

A Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE) também mostrou um consumidor ainda conservador pós-crise. De forma geral, a intenção de financiamento das famílias cresceu 3,8% na média do ano em relação ao ano passado, o que é pouco diante dos patamares históricos. A FecomercioSP projeta crescimento entre 3% e 5% no volume de crédito para a pessoa física como balanço do ano, e é evidente que a tendência das famílias em buscar novos crediários anda paralelamente à propensão dos bancos em disponibilizar recursos. Apesar de tímida, a recuperação indica o início de um ciclo positivo que se consolidará em 2018, com a recuperação econômica se convertendo efetivamente em mais emprego e menos risco de crédito.

Inflação
No primeiro semestre de 2017, os preços apurados pelo indicador de Custo de Vida por Classe Social (CVCS) apontaram alta média de 0,15%. Já na segunda metade do ano, até outubro, o CVCS computou elevação na média, atingindo 0,38%. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 3,37%.

Nos dez meses de 2017, as classes de renda que menos sentiram os aumentos no custo de vida foram a E e a D, que acumularam altas de 1,8% e 1,84%, respectivamente. As classes A e B foram mais impactadas, sofrendo aumentos no custo de vida de 2,82% e 2,95%, respectivamente, no período.

Ao longo do ano, o segmento Saúde e cuidados pessoais foi o maior responsável pela alta no Índice de Preços do Varejo (IPV), registrando crescimento de 4,75% nos últimos 12 meses. A segunda maior contribuição para a alta foi do grupo Transportes, cujos preços variaram 2,47% no mesmo período.

Em paralelo, o Índice de Preços de Serviços (IPS) apresentou alta média mensal de 0,37%, no primeiro semestre de 2017, muito abaixo do observado no mesmo período de 2016, quando a média foi de 0,61%. Entre julho e outubro, a variação média subiu para 0,51%. Pelo terceiro ano consecutivo, o setor de Habitação exerceu a principal contribuição de alta no IPS, assinalando em 2017 elevações de 5,07% e 5,41% nos últimos 12 meses. A segunda maior pressão de alta em 2017 foi do grupo Saúde e cuidados pessoais, altas de 8,81% no acumulado de 2017 até outubro e de 10,60% nos últimos 12 meses. Entre os itens que mais encareceram, destacam-se Plano de saúde (13,6%) e Serviços laboratoriais e hospitalares (3,43%).

Consumo
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu em junho do ano passado o seu mais baixo nível da série histórica, com 63 pontos, mas a partir de julho de 2016 se iniciou uma recuperação com altas sequenciais até março deste ano, atingindo 78,7 pontos, um ganho de 25% nesse período. A retomada do ICF se deu pela redução da inflação - com destaque para o grupo de Alimentos e bebidas -, queda da taxa de juros e injeção dos recursos do FGTS de contas inativas que se deu no primeiro semestre deste ano. O índice que oscilou entre 77,7 e 79 pontos de março a setembro, passou dos 80 pontos em outubro, subiu para 82,9 pontos em novembro e, segundo projeções, deve encerrar o ano com 83 pontos, alta anual de 9,8%, sendo o maior valor desde maio de 2015.

Segundo a assessoria técnica da Federação, o patamar ainda está na área de insatisfação, abaixo dos 100 pontos. Entretanto, a recuperação visível em relação a 2016 já é suficiente para gerar um efeito positivo nas vendas do varejo, animando os empresários do comércio para um 2018 com mais vendas, investimentos e contratações.

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