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Negócios

Fintechs se organizam para fortalecer setor

Setor cresce e startups financeiras procuram amparo em associações e órgãos reguladores

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Fintechs se organizam para fortalecer setor

Aumento no número de startups e segmentos em pouco tempo confirma o interesse dos usuários nos produtos e nos preços mais baixos que os ofertados pelas empresas tradicionais
(Arte:TUTU)

Por Priscila Trindade

Empreender em um novo ramo requer investimento e conhecimento na área. Se o setor for organizado e fortalecido, o empresário terá inúmeros benefícios como a divulgação de informações aos associados e ao público e o auxílio na fomentação de negócios.

No caso das fintechs (startups financeiras), o modelo de negócios ainda é considerado relativamente novo e impulsionar o desenvolvimento do setor rapidamente é uma das maneiras de ganhar espaço no Brasil. Os serviços têm caído no gosto dos clientes. O aumento no número de startups e segmentos em pouco tempo confirma o interesse dos usuários nos produtos e nos preços mais baixos que os ofertados pelas empresas tradicionais.

Em busca de um setor unido e estruturado, as fintechs criaram três associações para melhor se relacionar com órgãos reguladores, investidores e mercado. A Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) nasceu no fim de 2016 com cerca de 50 associados e hoje tem mais de 320. Ela serve de ponte entre potenciais clientes – empresas, bancos ou consumidores finais – e startups. Além de buscar a regulamentação do mercado, prevê a realização de eventos e feiras.

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A Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), formada por sete empresas de crédito online (Biva, BankFacil – BKF, Geru, Just, Lendico, Simplic e Trigg), visa ao relacionamento com órgãos reguladores, de proteção ao crédito e de defesa do consumidor, bancos e outras instituições financeiras. A Associação Brasileira de Equity Crowdfunding quer difundir o novo modelo de investimento no mercado brasileiro para a geração de novos empreendimentos com base em startups.

No Brasil, as fintechs são submetidas a três órgãos reguladores: a Superintendência de Seguros Privados (Susep), a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) e o Banco Central (BC). Isso quer dizer que qualquer atividade de intermediação financeira, como nas operações de empréstimo conhecidas como peer-to-peer (P2P), por exemplo, pode ser implementada apenas se a plataforma eletrônica mantiver parceria com uma instituição financeira que formalize as operações de crédito.

O funcionamento das fintechs é lícito, mas complexo do ponto de vista operacional. Atuar independentemente de manter relação com um banco daria mais autonomia para as startups, mas poderia elevar os custos.

O presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e CEO da Ebit, Pedro Guasti, enxerga com otimismo as mudanças feitas em prol do setor. “A regulamentação traz mais segurança jurídica. Isso facilita na conquista de investimentos. Por outro lado, atender às exigências encarece a operação no mercado. O BC pede ferramentas de segurança, compliance rigoroso”, diz.

Segundo a FintechLab, hub com foco em advisory de fintechs nacional, esses órgãos reguladores e autarquias têm buscado compreender o movimento dessas novas empresas e desenvolver ações para incentivar a inovação em ambientes seguros. “Os reguladores têm olhado com bons olhos a inovação com o objetivo de trazer negócios melhores e com cuidado, para garantir que o que está surgindo não vai levar os usuários a ter um risco desnecessário”, afirma o sócio-fundador da Clay Innovation/Fintechlab, Marcelo Bradaschia.

Por meio da Portaria BCB nº 89.399, de 3 de junho de 2016, ficou estabelecido um grupo de trabalho interno para estudar as inovações tecnológicas digitais relacionadas com as atividades no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e de avaliar potenciais impactos sobre o funcionamento desses sistemas. Além disso, uma resolução do Banco Central de abril de 2016 passou a permitir que contas correntes pudessem ser abertas por meio eletrônico, sem a necessidade de comparecer a uma agência bancária.

O CEO da plataforma de cobranças online ASAAS, Piero Bitencourt Contezini, ressalta que o mercado de meios de pagamento é altamente regulado, e isso dá garantias para as empresas e os clientes.

“A Lei Nº 12.865, de outubro de 2013, delega ao Banco Central o direito de autorizar o funcionamento de tais instituições sem matar as iniciativas, estabelecendo um limite mínimo de movimentação para que o empreendedor possa entrar em contato com o BC e registrar sua empresa. Ainda deixa claro todos os procedimentos e controles necessários para garantir a segurança das operações financeiras providas pelas suas plataformas”, explica.

Presente no mercado desde 2014, o aplicativo que gera boleto bancário para o empreendedor individual e tem a funcionalidade de notificar clientes por e-mail e SMS, conta hoje com 5 mil clientes. Até o momento, a empresa fez mais de 22 milhões cobranças em todo o Brasil, sendo a maioria para a Região sudeste (14,6 milhões de cobranças) e a Região Sul (2,9 milhões).

Por causa dos resultados positivos, o ASAAS pretende lançar em breve um cartão pré-pago ligado ao aplicativo, tirando a obrigatoriedade de o cliente ter conta em banco. A medida quer atender à camada da população que não tem intenção de ter relacionamento com o sistema financeiro tradicional.

Pesquisa do McKinsey Global Institute, de 2016, aponta que, no Brasil, 32% da população adulta não têm conta bancária, e 53% das médias e pequenas empresas não têm acesso ao crédito. É de olho nesses números que as fintechs trabalham.

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