Negócios
05/07/2017Internacionalização dos negócios é opção realista e viável para empresários brasileiros
Afirmação é do consultor da FecomercioSP Ricardo Tortorella. Segundo ele, primeiro passo é empreendedor encarar desafio de vencer falta de preparo para atuar globalizado
(Arte: TUTU)
Por Alessandra Jarussi
O brasileiro é considerado empreendedor e criativo por natureza, mas falta ao empresariado uma preparação voltada à abertura de empresas globais.
“Não temos a ‘cultura da exportação’. Nossa educação é falha também no mundo empresarial. Nossos empresários não foram preparados para atuar globalizados. Não abrimos empresas para serem globais”. A constatação é do consultor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) Ricardo Tortorella.
“Temos um mercado interno de mais de 200 milhões de consumidores que acomoda e limita nossos empresários, mas temos de nos desafiar a entrar no mercado internacional, muito mais forte, pois temos perto de 8 bilhões de consumidores no mundo. O ‘mercado mundo’ é pujante. Temos de nos desafiar a encarar a concorrência. Temos produtos e serviços com qualidade e preços competitivos”, destaca.
Se somarmos a esse quadro a crise econômica e a instabilidade política do Brasil, podemos afirmar que a internacionalização dos negócios é uma excelente alternativa para os empresários brasileiros. Em primeiro lugar, Tortorella esclarece a diferença entre internacionalização de uma empresa e exportação. “Internacionalização é algo mais amplo. Internacionalizar envolve, além de exportar, a construção de parcerias, joint ventures, representação internacional e alianças estratégicas. Uma empresa internacionalizada é aquela que, de fato, está operacional no outro país”, afirma. Isso pode se dar por meio de escritórios comerciais, centros de distribuição, franquias, lojas, unidades produtivas e parcerias com outras empresas.
Tortorella traz dados importantes para mostrar o potencial do mercado global a ser explorado pelos brasileiros. Segundo ele, apenas 25 mil empresas nacionais exportaram em 2016. É um número muito pequeno se levarmos em conta que o Brasil tem mais de 20 milhões de empresas, considerando todos os CNPJs operantes, inclusive os de empresários individuais. Em relação, especificamente, às micros e pequenas empresas no Brasil, menos de 1% exporta. Nos Estados Unidos, esse porcentual é de 60%. Países europeus como Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália têm porcentuais próximos ao dos Estados Unidos. “Além disso, no mundo todo, as empresas nascentes, as startups, já nascem globalizadas, pensando em exportar seus produtos e serviços”, completa.
Sem ignorar os entraves existentes no Brasil, o consultor orienta o empresário brasileiro a pensar a internacionalização como uma opção realista e viável para o seu negócio. “Somos obviamente um país complexo. Sem dúvida, nossas normas, regras, burocracia, tributação e logística não favorecem o ambiente para o despertar de nossos empresários ao ‘cenário mundo’. Avançamos muito, é fato, mas estamos longe de oferecer aos empreendedores um cenário animador e favorável à internacionalização, mas, mesmo assim, eu convido, ou melhor, desafio os empresários a pensar seus negócios no ‘mercado mundo’ como uma oportunidade real. Eles só têm a ganhar com esse tipo de pensamento”, conclui.
Principais vantagens
O assessor econômico da FecomercioSP Thiago Carvalho traça o cenário em que a internacionalização da empresa se destaca como alternativa importante aos empreendedores brasileiros.
“Quando as expectativas de crescimento no mercado doméstico não asseguram os retornos financeiros desejados pelos acionistas da empresa, ou seja, quando o mercado doméstico já está saturado, uma forma de manter o ritmo de crescimento da empresa no que se refere ao tamanho e aos lucros é a expansão para mercados internacionais, por meio de exportações numa primeira etapa e, depois, pela instalação de escritórios comerciais e plantas produtivas”, explica Carvalho.
Ele elenca os principais benefícios decorrentes do processo de internacionalização das empresas:
• Expansão de mercados
- Maior capacidade de resposta aos clientes internacionais
- Fortalecimento da posição competitiva
- Diversificação do portfólio geográfico e redução de riscos
• Melhoria da eficiência
- Economias de escala e escopo
- Acesso a recursos a custos inferiores
• Aprendizagem
- Acúmulo de conhecimento e desenvolvimento das competências empresariais existentes
- Incentivo de competências empresariais a novos produtos e segmentos
- Desenvolvimento e aquisição de novas competências empresariais
Saiba mais
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