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Sustentabilidade

Novas normas internacionais estimulam transparência e gestão de riscos climáticos nas empresas

Conselho de Sustentabilidade discute preparo de negócios brasileiros para novo padrão mundial de relatório climático sustentável

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Novas normas internacionais estimulam transparência e gestão de riscos climáticos nas empresas
FecomercioSP destaca as novas normas internacionais para as empresas (Arte: TUTU)

Desenvolvidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), as normas internacionais IFRS S1 e IFRS S2 representam um marco para a governança corporativa e os relatórios de sustentabilidade, trazendo implicações diretas para empresas de todos os portes e setores — sendo obrigatórias para as companhias de capital aberto. Essas diretrizes têm como objetivo estabelecer uma linguagem comum para que as organizações divulguem, de forma clara e padronizada, informações a respeito de oportunidades e riscos relacionados à sustentabilidade e ao clima.

Para apoiar as empresas nessa jornada, o Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) debateu as novas normas internacionais na reunião de maio. “Nosso time acredita firmemente que a agenda ESG é, antes de tudo, um instrumento de boa gestão, de visão estratégica e de adaptação a um mundo em profunda transformação. Muitas empresas brasileiras já entenderam isso e têm adotado práticas ambientais e sociais com seriedade, responsabilidade — e, sim, com retorno positivo para os negócios. As soluções para os desafios do clima, da energia, da desigualdade e da inovação tecnológica existem e passam pela ciência, pela governança pública, pelas decisões empresariais e, sobretudo, pela cooperação multilateral”, destacou o presidente do conselho, José Goldemberg, na abertura.

“A FecomercioSP seguirá a sua atuação para promover o diálogo, ouvindo especialistas, propondo caminhos e apoiando o setor produtivo na construção de uma economia mais resiliente, inclusiva e sustentável. Dessa forma, o debate de hoje envolve as novas normas internacionais IFRS S1 e IFRS S2, as quais incluem a divulgação de informações sobre iniciativas ligadas a práticas ESG e estabelecem estratégias para suas implementações”, complementou.

Nova norma, novo paradigma

As normas internacionais IFRS S1 e S2, recentemente incorporadas à regulação brasileira pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), marcam uma virada histórica na forma como as empresas devem reportar informações financeiras sobre sustentabilidade e clima. “O objetivo é integrar, de maneira concreta e verificável, os impactos climáticos e socioambientais às demonstrações financeiras, reforçando o compromisso com a transparência, a integridade e a governança corporativa”, disse o convidado especial Alexsandro Tavares, gerente sênior de Controladoria e Controles Internos na Lojas Renner S.A., e presidente da Comissão de Auditoria e Normas Contábeis da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).

No encontro, o especialista abordou os principais desafios e aprendizados na adoção das normas IFRS S1 e S2, com base em uma ampla pesquisa com companhias abertas brasileiras, desenvolvida pela Abrasca. “As normas fazem parte de um arcabouço internacional. A IFRS S1 define diretrizes gerais para a divulgação de informações de sustentabilidade com impacto financeiro, enquanto a IFRS S2 foca especificamente nas oportunidades e nos riscos relacionados ao clima”, destacou Tavares.

Com a implementação dessas normas, as empresas precisarão desenvolver sistemas robustos para coleta, análise e verificação de dados socioambientais. Será necessário integrar, por exemplo, as informações climáticas à gestão de riscos, além de investir em capacitação e adaptar os relatórios às exigências legais de cada país. No Brasil, avalia-se que essa mudança deve estimular a competitividade e a credibilidade internacional das companhias, ao alinhar práticas locais com os padrões globais.

Mais do que uma exigência regulatória, as IFRS S1 e S2 oferecem um caminho para que as empresas fortaleçam a própria resiliência, a atratividade para investidores e o compromisso com a agenda ESG (Ambiental, Social e de Governança). A padronização das informações promove mais transparência, facilita a comparação entre negócios e fortalece a tomada de decisões estratégicas com base em critérios sustentáveis. Veja, a seguir, os principais requisitos de cada norma.

  • IFRS S1 | Define os requisitos gerais para a divulgação de informações financeiras a partir de quesitos em sustentabilidade, abrangendo temas como governança, estratégia, gerenciamento de riscos e desempenho.
  • IFRS S2 | Aprofunda oportunidades e riscos especificamente ligados ao clima, exigindo que as empresas relatem como esses fatores podem afetar a capacidade de geração de caixa, acesso a capital e estratégias de longo prazo.

Diagnóstico e adoção: um processo em curso

Segundo o executivo, as novas normas surgem como resposta à demanda de investidores por informações mais precisas sobre as ameaças ambientais que podem afetar os resultados futuros das empresas. “Esses princípios eliminam o greenwashing e exigem que sustentabilidade se torne parte da estratégia de longo prazo, permeando decisões, produtos, fornecedores e cadeias de valor”, afirmou Tavares.

Embora o prazo de obrigatoriedade esteja previsto para a partir de janeiro do ano que vem, a pesquisa da Abrasca mostra que 71% das empresas ainda não concluíram o diagnóstico inicial para adaptação às normas. Esse diagnóstico é essencial para mapear as lacunas, estimar os investimentos e iniciar as mudanças estruturais necessárias — como a criação de comitês de sustentabilidade, adequação de sistemas internos e capacitação técnica de equipes.

“A CVM oferece, até dezembro de 2025, a opção de adoção voluntária das normas, com exigências flexibilizadas, justamente para incentivar o aprendizado e o amadurecimento do processo. Apenas duas empresas, a Renner e a Vale, anunciaram, até o momento, a adesão voluntária e já trabalham na publicação dos primeiros relatórios com base nas normas”, contou.

Integração entre sustentabilidade e finanças

Um dos pontos centrais das normas é a necessidade de cooperação entre as áreas de Sustentabilidade, Controladoria e Finanças — as quais têm perfis técnicos distintos. Os relatórios também exigirão uma auditoria razoável, ou seja, com o mesmo nível de rigor das demonstrações financeiras. Isso exige sistemas sólidos, dados confiáveis e capacidade analítica para mensurar riscos, oportunidades e impactos financeiros futuros.

“Não é um relatório qualquer, pois deve refletir como as ameaças climáticas podem afetar fluxo de caixa, valor presente e decisões estratégicas. É o que o investidor quer saber antes de alocar capital”, explicou o executivo.

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