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Economia

Planejar implantação de rede cicloviária é essencial para não prejudicar comércio

Dificuldade no acesso ao estacionamento público pode impactar vendas dos estabelecimentos localizados em ruas

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Planejar implantação de rede cicloviária é essencial para não prejudicar comércio

Para o Conselho de Desenvolvimento Local da Federação, ciclovias são importante opções de transporte, mas restringiram vendas de lojas com estacionamento público na frente
(Arte/TUTU)

Por Jamille Niero

Até o final deste ano, o Plano de Mobilidade Urbana (PlanMob) em vigor na cidade de São Paulo prevê a ampliação da rede cicloviária estrutural (formada por diferentes vias específicas,confira no infográfico abaixo). A meta inclui a implementação de 400 quilômetros desses caminhos até dezembro e o acréscimo de outros 1.300 quilômetros até 2028.

Para o Conselho de Desenvolvimento Local da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a construção de uma rede cicloviária estrutural é de suma importância para qualquer cidade que se preocupe em oferecer várias opções de mobilidade aos cidadãos. Segundo o presidente do Conselho, Jorge Duarte, a iniciativa é válida, mas é preciso cuidado para não prejudicar alguns segmentos comerciais.

A dificuldade no acesso dos consumidores ao estacionamento público pode impactar negativamente as vendas do comércio de determinadas ruas ou regiões. “Sabemos da importância das ciclovias. Contudo, 18% da população ainda se desloca de carro, e esse parâmetro pode ser maior em se tratando de compras. Muitas vias implantadas para o uso de bicicletas prejudicaram o comércio, pois restringiram os locais onde a parada de carros era permitida. Muitas pessoas dão preferência a esses comércios porque a facilidade de estacionar agiliza suas compras”.

Outro ponto negativo citado por Duarte é a dificuldade de fornecedores para fazer carga e descarga em alguns locais, uma vez que os caminhões não conseguem estacionar próximos aos estabelecimentos devido à presença da ciclovia ou ciclofaixa.

Para o coordenador da Secretaria Executiva do Movimento Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, esse é um problema que pode ser solucionado em diálogos com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) ou ainda adotando procedimentos já existentes no município, como realizar carga e descarga em horários alternativos, quando há menos movimento nas ruas. Broinizi cita, no entanto, os casos nos quais o estacionamento no meio-fio é permitido, mas o espaço que o caminhão usaria está quase sempre ocupado por outros veículos ou ainda liberado para a Zona Azul. “Antes, não existia a ciclovia, mas havia outros carros parados. Espaços em frente a comércios não podem ter guia rebaixada, a não ser que seja entrada de veículo. Se for guia alta, qualquer um pode estacionar também, e nem sempre é o cliente”, argumenta.

Por outro lado, a iniciativa tem pontos positivos e gera benefícios sociais. “A redução da poluição, do trânsito, e até algum efeito positivo nos gastos com saúde, uma vez que o uso de bicicleta se trata de uma atividade física”, enumera Duarte.

Broinizi concorda e acrescenta que, de olho nessas melhorias, muitas cidades desenvolvidas ao redor do mundo também estão ampliando a oferta de caminhos para as bicicletas. “Porque é uma alternativa real em locais que não conseguem mais acolher tantos automóveis. É uma mudança cultural em favor do transporte não motorizado, que não polui e deixa a cidade mais humanizada. Democratiza o sistema viário tirando a exclusividade dos automóveis.”.

Bicicleta a favor do negócio
Se o pensamento for de democratizar o espaço, o comerciante pode usar as vias destinadas às bikes a seu favor, dependendo do segmento do negócio. “Empresas que alugam, consertam e vendem bicicletas e acessórios podem aproveitar para alavancar os negócios caso o uso de bikes faça realmente parte da realidade dos cidadãos”, exemplifica Duarte.

Entre as opções de uso já aproveitadas pelo setor de comércio, serviços e turismo, estão a oferta de bicicletas por alguns hotéis como atrativo para os hóspedes passearem pela cidade e o uso desse meio de transporte para agilizar e baratear a entrega de produtos. Para quem não tem como incorporar o veículo ao negócio, existe ainda a possibilidade de atrair um novo público ao disponibilizar um bicicletário no estabelecimento.

“Para que o uso de bicicletas se consolide, criar novas alternativas de negócios e até mesmo alavancar o comércio de uma maneira geral é importante para solucionar pontos negativos que a implantação da rede cicloviária já causou aos empresários e, dessa forma, transformar essa opção de mobilidade em benefícios para toda sociedade”, frisa o presidente do Conselho.

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