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Economia

EconoMix Digital nº 96

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Como facilitar o equilíbrio das finanças pessoais

Inadimplência também afeta o bom andamento da economia em geral

Grande parte da população brasileira tem dificuldade em controlar as próprias finanças pessoais. Mesmo no segmento de renda mais elevado, há consumidores que gastam mais do que ganham, acumulando dívidas. Segundo dados da SPC Brasil, nos últimos cinco anos, cerca de 52 milhões de pessoas deixaram de pagar pelo menos uma dívida.

Além de ser prejudicial ao próprio consumidor, a inadimplência prejudica o bom andamento da economia em geral e as empresas que financiam seus produtos. Por isso, é importante que o nível de inadimplência esteja controlado. A série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela FecomercioSP, demonstra e comprova que, no passado recente, o consumidor foi menos precavido.

Em 2004, por exemplo, os dados da PEIC mostraram altos porcentuais de endividamento e inadimplência, quando alcançou, respectivamente, 72% de endividamento das famílias em junho e 31% de inadimplência em abril daquele ano. A alta dos indicadores no período é justificada pelo aumento repentino do crédito no País e ao despreparo dos consumidores, que não estavam atentos às armadilhas do crédito fácil e comprometeram grande parte do orçamento com dívidas.

Após esses índices tão elevados, o consumidor passou a se controlar um pouco mais. Atualmente observamos um endividamento de 50,9% e uma inadimplência de 14,4%. Porém, mesmo com a redução nos índices de endividamento e inadimpência, ainda existem casos de descontrole no orçamento familiar. Para ajudar esse consumidor, destacamos abaixo algumas recomendações importantes que podem auxiliar no controle de dívidas e na obtenção do equilíbrio financeiro.

  • identifição das dívidas: levante todas as suas dívidas e relacione-as no papel ou planilha eletrônica;
  • estabeleça prioridades: quais despesas devem ser pagas ou renegociadas, dando preferência às dívidas essenciais e cuja suspensão de pagamento possam gerar penalidades, como por exemplo aluguel, despesas de condomínio, luz, água, telefone, dentre outras;
  • dinheiro aplicado: com dinheiro aplicado, resgate-o para pagar as dívidas, pois os juros cobrados são maiores que o retorno das aplicações;
  • valor mensal para pagamento: identifique qual o valor mensal que poderá ser reservado para o pagamento dos financiamentos; analise sua capacidade de pagamento para propor acordo a seus credores;
  • verifique de que maneira é possível quitar as dívidas mais caras, seja com recursos extras que deverão entrar, tais como restituições do IR e férias. Procure se livrar dessas dívidas cujos juros elevados acabam por consumir seu orçamento, como por exemplo o cartão de crédito e o cheque especial;
  • caso seja possível, contrate outro financiamento, com taxas reduzidas e prazos mais longos, a fim de liquidar dívidas mais caras. Importante - faça apenas um que englobe os outros, caso contrário ficará com vários financiamentos em aberto;
  • avalie, em casos extremos, se algum bem da família poderia ser vendido a fim de quitar os financiamentos mais caros e dispendiosos;
  • faça suas contas todos os meses, considere todos os compromissos assumidos e projete novas parcelas a serem contratadas por financiamento. Faça uma previsão das receitas e equacione. Somente um bom controle financeiro permitirá a elaboração de um planejamento eficaz;
  • identifique as condições dos financiamentos, compare taxas e prazos. Somente tome crédito se realmente for necessário;
  • caso a renda mensal esteja muito comprometida procure condições de pagamento alongadas ou busque, se possível, um crédito consignado, que apresenta taxa menos elevada;
  • evite utilizar o limite do cheque especial. As taxas de juros cobradas são mais caras do que as linhas de empréstimo pessoal.

O que o comércio pode esperar da economia nos próximos meses

Cenário é de cautela e observação, recomenda FecomercioSP

Passado o primeiro bimestre e também o carnaval, o Brasil retoma o ano em novo ritmo. No compasso pós-férias e festas, o  varejo também se prepara para os próximos meses, com planejamento adequado e a realização de ações para cativar o consumidor e incentivá-lo às compras. Além de decidir sobre estoques, contratação de mão de obra e compras, o empresário do comércio busca avaliar as perspectivas por meio de indicadores sobre crescimento econômico e potencial de consumo das famílias.

Em relação ao crescimento econômico do Brasil para 2014, o relatório Focus divulgado semanalmente pelo Banco Central, apontou na edição de 17/3, que o crescimento da economia brasileira poderá ser 1,7%, apresentando alta em relação ao dado divulgado na semana passada.

Para o varejo, o ponto mais preocupante é uma possível desaceleração no consumo das famílias, o que traria impacto direto no desempenho das vendas. O consumo das famílias tem sido afetado pelo aumento da inflação, que ainda se mostra em perspectivas de alta. Por outro lado, os juros não devem arrefecer no curto prazo, ou seja, com taxas mais caras o consumidor também terá menor acesso ao crédito. O momento é de observação e cautela.

Veja abaixo, uma breve explanação sobre o cenário econômico, com  informações para traçar a melhor estratégia de crescimento de vendas e fortalecimento de seu negócio.

- INFLAÇÃO

Os índices inflacionários apresentaram leve recuo nos últimos meses. Porém, a inflação ainda se mostra resiliente no longo prazo. O resultado do IPCA de fevereiro apontou uma alta de 0,69%, fazendo o resultado acumulado em 12 meses de 5,68%, ainda bem acima da meta de 4,5% estipulada pelo Banco Central. Em fevereiro a maior alta verificada foi no grupo Educação, de 5,97%, impactada pelo ajuste das mensalidades escolares. Para os próximos meses a expectativa é de que os preços dos alimentos, impactados pela seca no início do ano, possam ainda trazer reflexos sobre a inflação, mantendo o indicador em perspectiva de alta.

- JUROS AO CONSUMIDOR

Em função do comportamento dos índices inflacionários, a taxa Selic que regula o mercado está em alta. Em 2014 a Selic chegou a 10,75% a.a., foi a maior taxa desde fevereiro de 2012. Mesmo depois de oito altas consecutivas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinaliza que a Selic continua com tendência de alta, em função da inflação que ainda não apresenta sinais significativos de recuo.

Com o aumento da taxa Selic, os juros das principais linhas de crédito destinadas à pessoa física também aumentaram. Os juros às pessoas físicas cobrados no comércio passaram de 4,0% em janeiro de 2012 para 4,35% em janeiro deste ano, apresentado alta de 8,75%. Já no cheque especial, os juros apresentaram alta de 3,35%, passando de 7,77% em janeiro de 2013 para 8,03% em janeiro 2014.

- CONFIANÇA DO CONSUMIDOR

Um dos principais fatores que motiva as compras por parte dos consumidores é a sua confiança, tanto em relação à situação econômica do país, como em relação à sua própria situação econômica e de sua família.

Os dados do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FecomercioSP apontaram em fevereiro uma melhora do indicador em relação ao mês de anterior, passando de 131,7 em janeiro para 136,4 em fevereiro.

Ao considerar que a escala oscila de 0 a 200, podemos afirmar que a confiança do consumidor embora acima do ponto médio, ainda não está em patamares satisfatórios, uma vez que em fevereiro de 2013 apresentou índice de 165,8, bem acima dos 136,4 observados em março deste ano. Contudo espera-se tendência de alta para os próximos meses em função da redução do nível de endividamento e do aumento do salário mínimo, ambas situações favoráveis ao aumento do poder de compra das famílias. Além disso, o emprego continua em alta no país e impacta positivamente na confiança do consumidor.

- ENDIVIDAMENTO E  INADIMPLÊNCIA

Uma observação com mais detalhes de como anda a capacidade de compra do consumidor, é feita por meio do nível de endividamento e inadimplência.

Em fevereiro, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da FecomercioSP, indicou que 50,9% dos entrevistados estão endividados. A pesquisa mostrou ainda que 14,4% declaram ter contas em atraso e  3,5% declaram que não terão condições de pagar suas dívidas.

A queda no nível de endividamento das famílias no mês de fevereiro se justifica, em parte, por conta do vencimento de algumas dívidas contraídas no final do ano. Além disso, a alta da taxa Selic tem contribuído para o encarecimento dos financiamentos, o que pode causar certa retração por parte do consumidor, em relação aos novos financiamentos. Portanto, esse melhor controle dos gastos do consumidor podem impactar favoravelmente o crescimento das vendas do varejo.

- EMPREGO E RENDA

Dentre os indicadores macroeconômicos, o nível de emprego no país é o que apresenta o melhor resultado.  Na região metropolitana de São Paulo, a taxa de desocupação nos últimos meses tem se mantido estável e com tendência de queda. O resultado apontado em janeiro demonstra uma taxa de desocupação na RMSP de 5,0%, sendo esse o resultado mais baixo para o mês de janeiro desde 2009.

A geração de emprego e renda é situação crucial para a decisão de compra, aliada ao nível de endividamento e inadimplência. Com renda o consumidor se arrisca mais a contrair novos financiamentos.

Em relação à renda, ressaltamos um menor crescimento marginal quando comparado com outros anos. Em 2013, o rendimento médio real ficou em R$ 1.929,03, com crescimento de 1,85% sobre o ano anterior. Já em 2012, esse rendimento foi de R$ 1.893,97 com crescimento de 4,09% sobre 2011.

Alimentando o prejuízo da guerra fiscal

Estados oferecem mais benefícios do que conseguem investimentos

As disputas fiscais travadas entre os entes da Federação não saem de pauta. Ao contrário, ganham consistência, longevidade e são sempre protagonistas de um debate teórico que se prolonga há anos. E, na prática, em nome da expansão econômica, da geração de empregos e do desenvolvimento, a renúncia fiscal é uma das faces mais reais da conhecida guerra fiscal que, gradativa e efetivamente, tem envolvido Estados e municípios.

Em levantamento realizado junto aos atuais governos estaduais e Distrito Federal, reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo, em 16/3, aponta que em nove das 27 unidades federativas o valor dos benefícios fiscais superou o montante dos seus respectivos investimentos. Segundo o jornal, “na soma do país, os benefícios ficaram R$ 33 bilhões acima dos gastos com obras públicas, no mesmo período”. E, em alguns deles, as renúncias chegaram a alcançar 40% da receita total, informa a reportagem. Os números que explicam a guerra fiscal, como se pode aferir no texto da Folha, são vultosos.

Mas nem poderia ser diferente já que a guerra fiscal é um processo complexo e polêmico que perpetua e abriga argumentos pró e contra, em função de interesses econômicos e políticos em jogo. Seria uma explicação, ainda que simplória, para a postura de governos e autoridades estaduais em defesa do que consideram um instrumento de desenvolvimento ou um mecanismo de defesa. Sim, pois a guerra fiscal também é vista como uma tentativa positiva de conter disparidades e desequilíbrios entre Estados e, assim, reduzir a concentração econômica observada em certas regiões.

Mas também há críticas. Entre as opiniões desfavoráveis, está a de que a renúncia fiscal  implica na “perda” de receita do principal tributo de competência estadual, o ICMS. Uma situação que se agrava na medida em que arrecadação estadual diminui e, portanto, conforme se amplia a dependência de cada Estado em relação aos repasses federais (Fundo de Participação dos Estados). Daí os argumentos de que os governos deveriam se valer de estudos criteriosos e análises, que destacassem a relação custo-benefício, antes da decisão de conceder incentivos fiscais às empresas ou setores específicos.

É preciso considerar ainda que a concessão de benefícios fiscais às empresas, independentemente da importância atribuída e do retorno esperado, pressupõe recursos orçamentários que o governo estadual deixa de destinar às áreas ou setores prioritários, por exemplo, os de elevada demanda social - saneamento, saúde, educação, segurança e transporte. É uma decisão política e administrativa que frustra expectativas e carências, sobretudo de contingentes de menor renda da população.

Outro ponto que deve ser considerado no processo de concessão da renúncia fiscal é que, como o recurso público beneficia  algumas empresas ou alguns setores particulares da economia, questões dessa relevância devem sempre pautar-se por critérios objetivos e transparência. As ponderações se justificam diante da guerra fiscal, uma medida amplamente adotada, mas ao mesmo tempo um problema de complexa solução, pois, resumidamente, todos os entes federativos querem ganhar, mas não admitem perder.

Nesse “imbróglio”, aliás, quem mais perde é o próprio País, haja vista os esforços do governo central em buscar saída capaz de conciliar interesses e harmonizar as relações entre os entes federados, condição para o sonhado pacto federativo. Porém, as resistências são imensas: qualquer que seja a justificativa, como instrumento de estímulo ou como mecanismo de defesa, a concessão de benefícios fiscais não sai dos planos dos governos estaduais, alimentando a guerra fiscal e seus desdobramentos.

Termômetro

INDICADOR MÊS REFERÊNCIA VALOR TENDÊNCIA COMENTÁRIO
ICF - INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (SP) - pontos (*) Fevereiro 125,4 ?

Apesar da leve alta de 0,5% no mês, o ICF voltou a ficar na média registrada no último trimestre do ano passado. Este resultado demonstra uma estabilidade da satisfação do paulistano num patamar histórico baixo e sem perspectivas de mudança no curto prazo para uma possível recuperação do consumo para 2014.

PEIC - ENDIVIDAMENTO (SP) - % famílias endividadas Fevereiro 50,9% ?

O endividamento ficou exatamente igual ao visto em fevereiro de 2013 e 3,9 pontos percentuais menor do patamar de janeiro. Houve também queda de 3,1 p.p. no nível de famílias com conta em atraso na comparação anual. Isso mostra que, mesmo com o cenário adverso, as famílias estão honrando com os compromissos.

IPCA - valor mensal Janeiro 0,69% ?

A inflação voltou a acelerar em fevereiro. A alta no mês foi de 0,69% contra 0,55% de janeiro. O responsável por esse crescimento foi o grupo Educação que apontou elevação de 5,97%. Este resultado representa cerca de 40% do impacto no IPCA geral e foi puxado pelo reajuste da mensalidade escolar que subiu 7,4%.

TAXA DE JUROS PF - taxa ao ano Janeiro 39,9% ?

A taxa média de juros para o consumidor voltou a subir - 1,9 ponto percentual - após leve recuo em dezembro. Segundo ata do COPOM, o processo de aumento da SELIC continuará, mas com doses menores e por consequência impactará o juros na ponta. Portanto, em 2014 a tendência é de crédito mais caro.

CONCESSÃO CRÉDITO PF - variação mensal Janeiro -6,1% ?

Após o período mais importante para o consumo, o Natal, quando os juros cairam no estímulo às vendas e as concessões aumentaram 11,4%, há naturalmente uma reacomodação de ambas as variáveis. As concessões retraíram 6,1% e a média diária recuou 10,5% ante alta de 6% registrada no mês anterior.

EMPREGO RMSP - taxa de desocupação Janeiro 5,0% ?

A taxa de desocupação começa o ano com mais um recorde de baixa para o mês. Muito embora tenha aumentado 0,6 ponto percentual em relação a dezembro, houve queda de 1,6 p.p. na comparação anual. Apesar deste bom resultado, a massa de rendimento vem crescendo a um ritmo inferior ao de 2013.

Fonte: FecomercioSP / Banco Central / IBGE
Elaboração: FFA Consultoria e Pesquisa Econômica
(*) Acima de 100 pontos o índice indica grau de satisfação das famílias.

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