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Editorial

“Antígona” alia caráter reflexivo a performance vigorosa de Andréa Beltrão

Com texto original preservado, atriz interpreta mitos clássicos que dialogam com dilemas da atualidade

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“Antígona” alia caráter reflexivo a performance vigorosa de Andréa Beltrão

Andréa Beltrão alterna interpretação e narração de mitos gregos na montagem de "Antígona"
(ARTE/TUTU)

Por Eduardo Vasconcelos

Celebrando 40 anos de carreira, Andréa Beltrão traz os dilemas de Antígona, peça escrita por Sófocles há mais de 2 mil anos, para o presente, preservando o texto original. Em cartaz no Teatro Raul Cortez, a apresentação solo propõe reflexões sobre a relação do cidadão com o Estado, o poder concentrado nas mãos de um monarca, os laços familiares firmados no amor ou na troca de interesses, o papel da mulher na sociedade e as consequências que recaem sobre o ser humano por escolhas de seus antepassados.

Produzida ao lado do diretor Amir Haddad, a montagem condensa diversos mitos do “ciclo tebano” – conjunto de histórias que se passam na cidade de Tebas – em uma única peça. Os nomes aos quais a atriz faz referência ao narrar a tragédia, intercalando com a interpretação de Antígona e de outros personagens, estão todos à vista do público, em um simples cenário formado por cartazes que apresentam a árvore genealógica composta por deuses, heróis e mortais.

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A peça não segue uma linha cronológica. Dessa maneira, a atriz intercala cenas da angústia de Antígona, que é condenada à morte por sepultar o corpo do irmão, em ato de desobediência ao rei, com narrações e interpretações de outros fatos.

Assim, entram em cena personagens como o vidente Tirésias, o fundador de Tebas, Cadmo, o rei usurpador Creonte, deuses como Zeus e Dionísio, as bacantes, o Oráculo de Delfos e familiares de Antígona – os pais, Édipo e Jocasta; a irmã, Ismênia; e seu primo e amante, Hêmon. Sem pausas, a atriz passa de um personagem a outro apenas com ligeiras trocas de vestimentas, enfatizando a mudança na postura e no tom de voz.

Nada fica solto, pois as histórias se entrelaçam e suas consequências desaguam uma após a outra sobre o destino da jovem protagonista da peça. A atriz entrega uma performance vigorosa sem deixar de destacar as falas intocadas do texto original, traduzidas pelo poeta Millôr Fernandes.

O público gostou do resultado. “Tinha um pouco de receio por ser uma apresentação solo, mas o ritmo da peça é muito bom”, diz o tecnólogo Plínio Kato, que assistiu à estreia da peça. “Conhecia o mito, mas não lembrava de tudo. A maneira como ela [Andréa Beltrão] faz os ganchos entre as histórias é bem bacana”, completa.

Em curta temporada, Antígona fica em cartaz no Teatro Raul Cortez até 5 de novembro. As apresentações ocorrem às sextas-feiras e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 17h. Os ingressos custam R$ 40 (meia) e R$ 80 (inteira) e podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou pelo site Compre Ingressos.

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