Economia
18/06/2021Ficar no meio de Estados Unidos e China é o maior desafio da história do Brasil
Allison Fedirka, diretora da consultoria Geopolitical Futures, avalia que, para se tornar uma liderança global, País precisa lidar com o custo de tomar posição

Allison Fedirka: "Foi preciso afundarem navios para o Brasil mandar tropas à Segunda Guerra"
(Divulgação)
Manter boas relações com os Estados Unidos e com a China para continuar a ser visto como o país amigo de todos ou escolher um lado, se posicionar e, possivelmente assim, tornar-se uma liderança global? Este é o atual dilema da política externa brasileira. De acordo com a diretora de Análise da consultoria norte-americana Geopolitical Futures, Allison Fedirka, o Brasil precisa, se quiser ter uma posição de liderança na comunidade internacional, aceitar o custo que acompanha o poder.
Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com a revista Problemas Brasileiros, ambos realizações da FecomercioSP, como parte da série Brasil Visto de Fora, Allison afirma que permanecer no meio da disputa tecnológica entre Estados Unidos e China é “o maior desafio que o Brasil já teve”.
Ela avalia que a política de “não escolher um lado” pode ter dado certo por muito tempo e criado a reputação de que o Brasil é “o mediador, o pacificador, o amigo de todos”. Contudo, pondera que a manutenção desta atitude pode frear outras aspirações do País.
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“Se este é o caminho que o Brasil quer, ele pode tomá-lo. Mas, se quer ser um país poderoso ou de liderança, é preciso ter clareza no que diz respeito a saber quais são seus desafios e seus objetivos. E isso tem um custo. Você precisa aceitar o custo que vem com o poder ou com o papel que você busca na sociedade. Isso é muito difícil para o Brasil. Ele não quer fazer esta escolha [entre Estados Unidos e China]”, observa Allison.
“Foi preciso afundarem navios civis na costa brasileira para mandar tropas para a Segunda Guerra. Um evento muito trágico e muito catastrófico para forçar o Brasil a escolher”, acrescenta.
Especialista em questões ligadas à América Latina, Allison – que, inclusive, morou sete anos na América do Sul – avalia que o País “não precisa decidir abertamente”, tampouco “está numa posição muito forte de fazer exigências agora”, em razão das crises econômicas e de saúde pública.
Todavia, ressalta que “será muito difícil conseguir manter o equilíbrio” entre as duas potências mundiais.
“O Brasil quer entrar nas grandes ligas? Ele tem de assumir a responsabilidade e perceber que, talvez, não poderá ser amigo e ser tudo para todos o tempo todo. Se é o que o País quer, isso impedirá que emerja como um ator global que tenha autoridade ou que exerça poder. É preciso decidir”, afirma.
“Ele quer usar o potencial de poder que tem e está disposto a projetar esse poder em negociações com outros países, seja os Estados Unidos, seja a China? Isso significa tomar decisões difíceis e aceitar as consequências delas”, assevera a analista.
Assista a entrevista na íntegra e se inscreva no canal UM BRASIL.
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